Jornal Estado de Minas

Diretora de escola que levou crianças para resort conta detalhes do acidente

- Foto: Arte A confraternização do fim de um ciclo escolar terminou em acidente grave, ontem, num dos resorts mais famosos de Minas Gerais, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Duas alunas de um tradicional colégio de Itabira, na Região Central do estado, ficaram feridas depois de um pinheiro cair sobre a piscina onde 44 crianças com idades entre 9 e 10 anos brincavam. Elas tiveram de ser removidas pelos bombeiros de helicóptero para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital, assim como uma monitora do hotel. Outra funcionária do estabelecimento foi socorrida de ambulância. A excursão,  com duração prevista para todo o dia de ontem, terminou em susto e tristeza. A Polícia Civil começou a investigar o caso. Peritos e agentes estiveram no local.


As crianças feridas, ambas de 10 anos, permaneciam internadas ontem no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da instituição hospitalar. Uma delas sofreu traumatismo craniano e, segundo a equipe médica informou à escola, ainda estava sendo avaliada a possibilidade de ela passar por cirurgia.
A outra teve fratura em um dos fêmures e possível lesão na região do abdômen. O estado de saúde das monitoras não foi informado.


Alunos de duas turmas do 5º ano do Colégio Nossa Senhora das Dores, escola quase centenária, chegaram cedo ao Tauá Resort para comemorar o fim do ano letivo. A escola elege todos os anos um local para essa excursão – no Tauá, é a quarta vez. O passeio era em sistema day use (quando se vai para aproveitar as instalações durante um dia inteiro). A programação contava com recepção com café da manhã, almoço, lanche da tarde e o retorno a Itabira, localizada a 100 quilômetros de BH e a 70 quilômetros do Tauá. As 44 crianças estavam acompanhadas de uma coordenadora e três professoras da escola. A contratação do serviço do resort incluía duas monitoras responsáveis pelas atividades com os alunos.


Depois de uma manhã chuvosa, que obrigou as crianças a fazerem as atividades em ambientes cobertos, quando finalmente o tempo estiou foi proposto atrasar o almoço para a meninada poder curtir a piscina.

“Minha equipe relatou que os alunos foram para a piscina no momento em que não estava chovendo nem ventando. A coordenadora contou que foi tudo muito rápido, ela ouviu um barulho e se assustou, quando viu o pinheiro caído dentro da água”, conta a diretora da escola, Luciene Alvarenga.


Todos estavam numa área recente do estabelecimento, num parquinho aquático. A piscina rasa tem um toboágua para que os pequeninos possam descer e um balde móvel que, à medida que se enche de água, entorta e tomba como chuva. Ainda segundo relatos repassados à diretora, os galhos mais leves da árvore atingiram as duas alunas, que são primas, e a parte mais grossa do pinheiro, as duas monitoras. “Por mais leves que os galhos sejam, as vítimas são crianças, logo, têm o corpo frágil.”


A escola providenciou o transporte dos pais e de funcionários a BH para acompanhar as crianças no hospital, onde também estava um gerente do Tauá. Uma das meninas teve lesão na cabeça. Segundo informações da escola, as duas chegaram ao hospital com os sinais vitais estáveis, lúcidas e conversando. Luciene afirmou que recebeu todo o apoio do estabelecimento, mas ainda aguardava nota oficial sobre as circunstâncias do ocorrido.

Os outros alunos chegaram à escola quase no fim da tarde. “Um dia que era para ser de alegria acabou sendo muito triste para o colégio.


Por meio de nota, a assessoria de comunicação da Rede Tauá confirmou que a queda de árvore ocorreu dentro do resort. “Estamos prestando todo o suporte necessário aos envolvidos. Houve dois adultos e duas crianças feridos. Todos já foram encaminhados ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte”, informou.

Para o professor de Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) Sérvio Pontes Ribeiro não é possível assegurar que o hotel tenha culpa no incidente. “Cada situação de queda é de um jeito e algumas não há como prever”. Contudo, afirma, “temos que criar uma cultura de análise de risco. Nos momentos de chuvas contínuas e ventos, a gente precisa colocar cavaletes próximos às árvores para preservar aquele espaço”, ressalta.

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