Tradições de dezembro, clima festivo e as boas-vindas do Natal. O estudante de engenharia mecânica Lucas Pereira de Souza, de 24 anos, visitou ontem pela primeira vez o Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua/Igreja da Boa Viagem, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Estava fazendo hora para ir ao cinema, quando foi atraído pela beleza da arquitetura neogótica com suas 146 torres. Resolveu entrar, e, ao chegar perto do altar, os olhos do rapaz foram fisgados pelo presépio e pelo aperto de mão afetuoso do reitor e pároco Marcelo Carlos da Silva, que o convidou a conhecer o cenário do nascimento de Jesus. “Muito bonito. Gostei demais mesmo”, disse Lucas, para, logo em seguida, ver o padre ajeitar a frase Venite adoramus (do latim, Vinde, adoremos).
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Criatividade: presépio vivo reproduz nascimento de Jesus Cristo em BHEstudantes de escolas municipais realizam Cantata de Natal na Estação PampulhaChuva suspende coral, mas iluminação de Natal é inaugurada na Praça da LiberdadeDo início do século 18, povoado de Córregos será inteiramente restauradoCatedral Cristo Rei inaugura o seu primeiro presépioDom Walmor abençoa o primeiro presépio no interior da Catedral Cristo ReiMulheres caem em buraco de seis metros de profundidade em Uberaba“Desta vez, optamos por fazer aqui um presépio mais simples, com a manjedoura, José e Maria e as figuras, que foram totalmente restauradas.
Na Basílica Nossa Senhora de Lourdes, também com arquitetura neogótica, o presépio já está pronto, convida o titular da paróquia, padre Welington Cardoso, há 18 anos no templo. Este ano, o cenário do nascimento faz um recorte de Belo Horizonte, que completou ontem 121 anos: ao fundo está o Aglomerado da Serra, com o casario na encosta, campo de futebol e praça, ficando na parte de baixo os prédios do Bairro de Lourdes, ambos na Região Centro-Sul da cidade.
O presépio da Basílica de Lourdes quer representar a simplicidade e a nobreza de Cristo, afirma padre Welington, idealizador do projeto, ao lado do funcionário da paróquia Leonardo Rodrigo Santos de Souza, há 12 anos responsável pela montagem do presépio. “Procuramos retratar a realidade de Belo Horizonte”, disse o padre, enquanto Leonardo informava que usou basicamente isopor e papel. “O trabalho durou duas semanas. Faço com o maior carinho”, acrescentou Leonardo, lembrando que as pessoas poderão visitar o trabalho até 6 de janeiro. As imagens, com cerca de 60 centímetros de altura, são do acervo da igreja.
ABERTURA Amanhã, às 19h, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside o momento de bênção do presépio da Catedral Cristo Rei, na Avenida Cristiano Machado, no Bairro Juliana, na Região Norte da capital. O presépio ficará em espaço já concluído da obra onde, no futuro, serão promovidos cursos, apresentações e palestras, iniciativas voltadas para a inclusão educativa e cultural dos mais pobres. A primeira missa no interior da Catedral Cristo Rei foi celebrada nesse ambiente, em novembro.
Já no Centro da capital, quem passa na Avenida Afonso Pena já pode ver manjedoura coberta de palha no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), numa tradição sustentável que completa 12 anos. A idealizadora é a ajudante de serviços operacionais Joana Aparecida Teixeira, disposta, todo dezembro, a transformar folhas de palmeiras e bananeiras, sementes, flores e frutos secos, serragem e palha em peças e artefatos que compõem o presépio.
O significado
A palavra presépio significa estábulo, manjedoura. São Francisco de Assis iniciou a tradição em 1223, nas redondezas de Greccio, Itália, com o objetivo de celebrar o Natal da maneira mais realista possível. Com a autorização do papa, montou um presépio de palha usando uma imagem do Menino Jesus próximo de um boi e de um jumento vivos. A ideia rapidamente se estendeu por toda a Itália, das casas nobres às mais pobres. Na capital e no interior de Minas, a tradição de fazer presépios continua cada vez mais viva. As famílias se unem para retirar as figuras das caixas, preparar panos ornamentados, que formam montanhas, buscar areia e pedras para montar a estrutura e, claro, contar histórias e se recordar dos antepassados.
Circuito para visitar
» Santa Luzia, na Grande BH
As visitas em dezenas de casas vão até 6 de janeiro. Interessados podem procurar o historiador Marco Aurélio Fonseca, na Secretaria Municipal de Cultura, no Solar da Baronesa (Rua Direita, 408, no Centro)
» Jaboticatubas, na Grande BH
Pela primeira vez a cidade tem um circuito de presépios, fruto da parceria entre a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e a prefeitura local, via Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo. Contato com o guia Luiz Filipe (98243-2752)
» Congonhas, na Região Central
Está no Museu de Congonhas a exposição Presépios do Brasil, com 30 exemplares pertencentes à Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop).
» Belo Horizonte
Igrejas católicas e o Parque Municipal (de terça a domingo, das 6h às 18h, com entrada gratuita). Aos fins de semana, é possível admirar três presépios do Vale do Jequitinhonha durante visitas previamente agendadas ao Palácio da Liberdade (ingressos gratuitos em appa.art.br/palaciodaliberdade).