Jornal Estado de Minas

Detentos são transferidos e plano de resgate de presos de facção paulista no Norte de Minas é frustrado


O policiamento está reforçado na Região Norte de Minas Gerais depois que as polícias de Minas Gerais receberam informações de uma mobilização de presos de uma facção paulista com atuação em todo o Brasil para resgatar dois detentos que estavam no Presídio de Francisco Sá, na cidade homônima. A informação foi repassada às agências de inteligência das forças de segurança no Norte de Minas e um provável plano de resgate foi frustrado com a transferência de dois presos para uma penitenciária federal.

Tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar informaram que receberam informações da inteligência da Polícia Civil de Goiás que um resgate poderia acontecer. O inspetor Marco Matos, do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil, diz que as informações se confirmaram. "Iniciamos as investigações e realmente constatamos que aconteceria o resgate de dois presos ligados a essa organização criminosa entre sexta-feira e domingo", diz o inspetor. Matos também destaca que os dois detentos, autores de roubos com uso de explosivos a caixas eletrônicos, seriam membros da facção subordinados diretamente ao comando paulista da organização criminosa. Um deles faria parte do grupo chamado de "Sintonia Restrita", que se reporta diretamente aos líderes.

Ainda conforme o inspetor, a Polícia Civil descobriu que o grupo com marginais de vários lugares do Brasil pretendia sitiar a cidade de Francisco Sá e usaria explosivos para entrar na cadeia, além de planejar o uso de armas de grosso calibre como metralhadora .50 e fuzis de diferentes calibres. "As equipes do Deoesp continuam os levantamentos para identificar as pessoas que participariam do resgate", acrescenta o inspetor. Até o momento ninguém foi preso.

Os detentos estavam no Presídio de Segurança Máxima em Francisco Sá.
Diante das ameaças do resgate, que seria feito com emprego de grande poder de fogo, a Justiça de Minas Gerais foi mobilizada para viabilizar a transferência dos dois detentos. O Ministério Público opinou favoravelmente à realocação, que foi autorizada também pela Justiça Federal, que é quem autoriza a entrada dos detentos no sistema penitenciário federal. A Secretaria de Administração Prisional (Seap) organizou a transferência em uma grande operação que contou com aeronaves da Polícia Militar.

“O serviço de inteligência dos órgãos envolvidos tiveram informação do intento do grupo criminoso que queria resgatar os presos. Nas informações ampliadas, chegou em quem seriam os presos”, explicou o capitão Wellignton Eduardo Mourão, chefe da Seção de Planejamento e Operações da 11ª Região da Polícia Militar (RPM). 

As informações interceptadas eram que aproximadamente 30 pessoas da organização criminosa participariam da operação de resgate. Diante disso, nessa sexta-feira, os órgãos de segurança montaram uma megaoperação para fazer a transferência dos dois detentos, que seriam alvos dos resgates. Um ofício de notificação de transferência cautelar foi expedido pelo poder judiciário. Com isso, os presos, A.
F. da S. P. e A .M. de S., que estavam recolhidos no Presídio Francisco Sá, foram levados para outra unidade prisional do país.

Para isso, eles foram retirados da unidade com um forte esquema de segurança, que contou com dezenas de policiais, helicóptero e um avião da Polícia Militar (PM). Eles foram levados para o aeroporto de Montes Claros, cidade vizinha, em veículos. Depois, embarcaram em uma aeronave e foram levados para um presídio federal.
O local foi mantido em sigilo por motivos de segurança. “Foi um forte aparato policial usado na transferência. Um helicóptero acompanhou o comboio. Somente por parte da PM, foram cinco viaturas da companhia especializada e em torno de 30 militares. Fora equipes do sistema prisional”, disse o capitão.

O cerco continua no Norte de Minas. O policiamento foi reforçado para tentar impedir qualquer ação da organização criminosa. “O plano era que 30 pessoas viriam para fazer o resgate. Não sabemos se realmente vieram. Mas, o policiamento continua reforçado.
Inclusive, pedimos para a comunidade ligar 181 (disque-denúncia) em caso de notar alguma movimentação estranha”, concluiu Mourão.

O em.com.br entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) para falar sobre o assunto. Por meio de nota, o órgão informou que, “por razões de segurança, não comenta a transferência de presos”.

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