Jornal Estado de Minas

Presos transferidos no Norte de Minas participaram de roubo milionário em Uberaba


A megaoperação montada pelas forças de segurança no Norte de Minas Gerais para transferir dois presos do Presídio de Segurança Máxima de Francisco Sá depois da descoberta de um plano para resgatar os dois detentos da penitenciária da cidade homônima é mais um episódio que mostra o perigo desses criminosos para a segurança pública de Minas e do Brasil. Os bandidos são integrantes de facção paulista chefiada por detentos, e a Polícia Civil confirmou que os dois fazem parte de um grupo que participou de um roubo milionário em Uberaba, no Triângulo Mineiro, em novembro de 2017.

A ação cinematográfica sitiou a cidade e assustou a população graças ao tamanho do poder de fogo empregado naquela ocasião. A ofensiva teve tiros de fuzil, transformadores de energia elétrica estourados à bala, barricadas com carros e pneus queimados, correntes e “miguelitos” (objetos perfurantes para estourar pneus), tudo para barrar a reação policial. Somente depois de duas horas de cerco sob fogo intenso as forças de segurança foram capazes de montar bloqueios nas saídas da cidade, o que não evitou a fuga do bando de aproximadamente 20 homens.  

A investida teve início às 3h e terminou às 5h15. Uma pessoa se feriu e bairros inteiros ficaram sem energia elétrica. O grupo roubou uma quantia que pode chegar a R$ 20 milhões segundo fontes extraoficiais – o valor não foi informado pela empresa nem pela polícia.  Três pessoas foram presas.  

O crime expõe a periculosidade de dois detentos, identificados apenas pelas iniciais A.F. da S.
P. e A.M. de S. O plano para o resgate dos dois mobilizou diferentes órgãos de segurança de Minas Gerais. Ontem, o policiamento foi reforçado para fechar o cerco da organização criminosa que tentava o resgate. O plano foi descoberto a partir de investigações do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), que confirmou as informações recebidas pelo setor de inteligência da Polícia Civil de Goiás, segundo o inspetor do Deoesp Marco Matos.

“Esses dois homens estão presos por roubos com uso de explosivos e são membros da facção paulista subordinados diretamente ao comando da organização criminosa em São Paulo.
Um deles é do grupo chamado de ‘Sintonia Restrita’, que se reporta diretamente aos líderes”, informou .  

Ainda conforme o policial, a Polícia Civil descobriu que um grupo com marginais de vários lugares do Brasil pretendia sitiar a cidade de Francisco Sá e usaria explosivos para entrar na cadeia, além de planejar o uso de armas de grosso calibre como metralhadora .50 e fuzis de diferentes calibres. “As equipes do Deoesp continuam os levantamentos para identificar as pessoas que participariam do resgate”, acrescenta.

Até o momento ninguém foi preso.  Diante das ameaças do resgate, que seria feito com emprego de grande poder de fogo, a Justiça de Minas Gerais foi mobilizada para autorizar a transferência dos dois detentos. O Ministério Público opinou favoravelmente à realocação, com o aval também pela Justiça Federal, que é quem autoriza a entrada dos detentos no sistema penitenciário federal. 

A Secretaria de Administração Prisional (Seap) organizou a transferência em uma grande operação, que contou com aeronaves da Polícia Militar. “O serviço de inteligência dos órgãos envolvidos tiveram informação do intento do grupo criminoso que queria resgatar os presos. Nas informações ampliadas, chegou a quais seriam os presos”, explicou o capitão Wellignton Eduardo Mourão, chefe da Seção de Planejamento e Operações da 11ª Região da Polícia Militar (RPM). 

Para evitar essa ação, os presos foram retirados da unidade com um forte esquema de segurança, que contou com dezenas de policiais, helicóptero e um avião. Eles foram levados para o aeroporto de Montes Claros, cidade vizinha, em veículos. Depois, embarcaram em uma aeronave e foram levados para um presídio federal.
O local foi mantido em sigilo por motivos de segurança.  O cerco continua no Norte de Minas.   

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