Milhares de mãos erguidas por toda a Rua Aarão Reis formavam um mar de gente que mudou a paisagem do Centro de Belo Horizonte na tarde de ontem. A multidão se estendia até o Viaduto Santa Tereza, onde centenas de ouvidos mantinham-se atentos às rimas dos mestres de cerimônia Miliano (Mato Grosso do Sul), Djah (Goiás), NG (Minas Gerais) e Dre Araújo (Santa Catarina). Os quatro disputaram as semifinais e a final nacional do Duelo de MCs, evento realizado pela Família de Rua, há 11 anos, embaixo do Viaduto Santa Tereza na capital mineira. Cerca de 10 mil pessoas acompanharam a final nacional do Duelo de MCs. O grande vencedor foi o rapper de Dourado (MS), Miliano. Nas rimas, demonstrou conhecimento de Belo Horizonte, com versos que citavam pontos da capital mineira, como a Lagoa da Pampulha.
Leia Mais
Veja fotos do 'Casamentaço'; casais LGBT+ celebram união em festa realizada de forma colaborativa Lunetas instaladas na Rua Sapucaí revelam aos visitantes uma nova BHCalor dos últimos cinco dias deve continuar nesta semanaDesaparecimento de taxista pode ter motivação criminosa, diz políciaOs competidores disputam quem cria a melhor rima no improviso. Frente a frente, como repentistas, usam quase tudo para desestabilizar o adversário. Mas, para seguir o lema do duelo, que é respeito, os rappers deixam de lado palavras machistas, homofóbicas e racistas, abrindo espaço para a diversidade.
Pela terceira vez, uma mulher chegou à semifinal do duelo, Dre Araújo. “A cena está crescendo muito e eu estando aqui fortalece muito. O rap é machista, as batalhas de MCs são machistas. A presença da mulher no Duelo de MCs vai além disso. É uma questão de luta. Estou aqui graças às mulheres que lutaram lá atrás.
O público foi ao delírio, quando o rapper Djonga subiu ao palco na tarde de ontem. “É o maior movimento do Brasil, maior batalha de MCs do mundo. Não tem conversa. Está cada vez mais bonito, cada vez agrega mais público. Ano que vem vai ser maior”, afirmou.
O secretário Juca Ferreira acompanhou a final do duelo. “Esse é um dos gêneros musicais preferidos pela juventude hoje no Brasil. Não só a juventude periférica. O hip hop representa os anseios, as demandas e a rebeldia, as críticas que os jovens têm em relação à sociedade e transmitem isso da melhor maneira possível. Esse é o evento mais importante da cena no Brasil. Fiquei sabendo há dois anos. Meu filho, que é aficionado por rap, foi quem me contou. Quando nem pensava em vir para Belo Horizonte, ele me disse: ‘O evento mais importante de hip hop do Brasil fica embaixo do Viaduto de Santa Tereza’”, lembrou Juca.