A decisão da Infraero de fazer a transferência das operações das companhias aéreas do Aeroporto Internacional Tancredo Neves em Confins, na Grande BH, para Pampulha – para que o fluxo de voos para Belo Horizonte não fosse interrompido – gerou transtornos e revolta nos passageiros. A BH Airport, que administra o Confins, havia informado que os pousos e decolagens seriam retomados com restrições por volta das 13h. O advogado Pablo Gran Cristóforo estava com o voo marcado para as 11h55 em direção a Guarulhos quando foi surpreendido com a notícia de que o terminal de Confins estava fechado. O profissional da área jurídica estava entregando o carro alugado em uma locadora na região quando um funcionário da empresa disse que era melhor não devolver o veículo. “Entrei em uma fila enorme em Confins, mas consegui pelo próprio site da Latam alterar o voo saindo da Pampulha para Congonhas”, contou. O voo estava previsto para as 17h35 e a família, que o aguardava em Guarulhos, teve que se deslocar para São Paulo.
A psicóloga aposentada Nádia Lewandowski, que estava em companhia da filha, reclamou da falta de logística para atender à demanda de Confins. “Está sendo muito desconfortável. As pessoas não têm informação. Falta pensar o lado do passageiro, de ser proativo, de mandar uma estrutura para cá”, desabafou. Durante a entrevista para o EM, Nádia foi surpreendida com a informação de que estava tendo uma realocação de voo e que não havia aviões para ontem em uma de suas conexões. A aposentada tinha uma conexão em São Paulo antes de chegar a Florianópolis, mas, segundo ela, “terá que estender a estada em Belo Horizonte”, brincou, preocupada.
A publicitária Elaine Venga enfrentou longas horas de espera com o filho Miguel. A publicitária, que veio passar o Natal com a família na capital mineira, contou que sua chegada estava prevista para as 8h e, quando o avião foi cancelado, se instaurou o caos. “Ficamos muito tempo aguardando”, disse. Elaine Venga comentou que a companhia aérea disponibilizou um ônibus partindo de São Paulo e deu preferência para os idosos, mas, assim que o ônibus partiu, chegaram informações de que havia um avião indo para a Pampulha. “Foi uma coisa que eu achei terrível da Latam.”
Outro passageiro que enfrentou problemas com a troca de aeroportos foi o representante comercial Eduardo Singer, que tinha alugado um carro em uma locadora presente na região de Confins e que não tinha uma sede próximo à Pampulha. O representante de Porto Alegre conseguiu uma conexão em São Paulo com o aeroporto da Pampulha para chegar até Lagoa Formosa, cidade próxima a Patos de Minas, no Alto Paranaíba. “Vou ter que me deslocar para o caos de Confins agora, né?!”, ironizou.
Polêmicas
Até o fim da manhã, apenas a Azul e a Latam optaram por transferir parte dos voos para o terminal urbano. Sérgio Keneddy, superintendente do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade (Pampulha), informou que receberia as operações das empresas aéreas desde que houvesse prévia coordenação. “Temos toda a infraestrutura adequada e temos condições plenas de atender todas as demandas, desde que haja prévia coordenação. As operações devem ser coordenadas para gerar satisfação e manter os níveis de segurança operacionais do aeroporto”, destacou. Segundo ele, o atendimento no aeroporto seguia em operação normal e sem restrições. “As equipes foram deslocadas do Confins para cá, a empresa azul e da empresa Latam estão fazendo atendimento normal aqui”, reforçou.
Uma questão polêmica em relação à transferência de voos para Pampulha é por causa dos moradores da região, que chegaram a entrar na Justiça contra a retomada dos voos de grande porte no terminal. O último episódio da polêmica havia sido a publicação, em agosto de 2018, de uma portaria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) liberando a operação desses voos no aeroporto. “O terminal administrado pela Infraero está preparado para receber aeronaves de grande porte, sendo certificado pela Anac por meio da Portaria Nº 2.829, para o processamento de aeronaves da categoria '4C', que engloba, entre outros, os principais modelos de aeronaves em operação no país e no mundo, como o Airbus A320 e o Boeing 737”, detalhou a Infraero ontem. “Cabe esclarecer que a utilização do aeroporto de Pampulha como alternativa é decisão exclusiva das companhias aéreas”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Regina Werneck.