Papai Noel dispensou o trenó usado nas terras geladas da Lapônia e apareceu bem à mineira. Chegou de trem para fazer a alegria das crianças internadas ou em tratamento na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e no Hospital São Lucas, na região Hospitalar da capital. O bom velhinho distribuiu presentes, tirou foto com os pequenos e, o mais importante: fez todos esquecerem os momentos de dor. Ontem, até a quantidade de remédios ministradas diminuiu. Era alegria estampada na cara dos pequenos, esperança renovada e fé em dias prósperos e de muita saúde.

O terceiro ano do Natal na instituição contemplou mais de 170 crianças de 0 até 14 anos internadas no São Lucas e na Santa Casa e em acompanhamento no ambulatório oncológico. As que têm condição de saúde e estão de alta no ambulatório participaram da festa na ala pediátrica. E mesmo quem está mais vulnerável não foi esquecido. Papai Noel fez questão de visitar todas as alas, incluindo o Centro de Terapia Intensiva (CTI). “Comunicamos hoje (ontem) às crianças que Papai Noel viria. Depois disso, as medicações para dor diminuíram. As crianças sorriram o tempo todo. É muito gratificante”, conta a assistente social da unidade pediátrica, Luciana Lopes da Silva, uma das organizadoras do evento, ao lado de uma equipe de 20 funcionários. “É como se puséssemos no ambiente hospitalar aquilo que esperam ter lá fora. É um dia de alegria, não há tristeza.”

 

A estrela da festa entrou pelo elevador e foi recepcionado pelas crianças cantando músicas natalinas. Antes, ele passeou de trenzinho com uma turminha autorizada a deixar o hospital para uma voltinha nas imediações.

Saíram da portaria do São Lucas (na Rua dos Otoni), passaram por ruas e avenidas do entorno e chegaram à portaria principal da Santa Casa. O menino Thallys Fernando Vieira Gronga, de 10 anos, adorou a experiência. Em tratamento oncológico há sete meses, tinha consulta marcada no ambulatório para o fim da manhã.

A mãe, Luciana Vieira Gronga, de 44, não queria esperar o horário marcado, 14h, para ver Papai Noel, apesar da insistência do filho. Mas tudo casou tão bem, que o atendimento atrasou e, na saída, vestido de vermelho e branco, o bom velhinho estava lá, pronto para levar as crianças para andar de trem. Depois do passeio, foi hora de receber o presente – um jogo no qual ele estava de olho fazia tempos. “O passeio foi muito legal. Tinha certeza de que Papai Noel viria”, disse com sorrido largo. A mãe compartilhou a alegria do filho, também de coração cheio: “É um momento doloroso, principalmente na fase inicial da doença.

Este evento veio para coroar com chave de ouro o término do tratamento. Um final fantástico, de história feliz”, afirmou.

CONTRIBUIÇÃO A garota Jennifer Lídia Melo do Nascimento, de 13, também andou no trenzinho ao lado da avó, Sônia Mônica de Melo, de 60. De Barbacena, na Região Central de Minas, está há um ano e cinco meses em tratamento e fica na capital em uma casa de apoio. Ela pediu roupas de presente de Natal, mas ficou bem feliz com o que ganhou. “Vivemos numa luta. Então, este momento é de alegria e traz esperança. Quando a criança está alegre, a imunidade dela tende a subir. Isso contribui muito para a recuperação”, disse Sônia.

A menina Júlia Lago Rodrigues, de 10, foi a segunda a receber o presente de Papai Noel, que perguntou a ela se queria um jogo ou uma boneca. Ela não titubeou: o jogo. A menina conta que adora.

Ontem, pôs touca especial para “se parecer com o Papai Noel”, nas cores roxo e preto. Júlia não duvidou um momento sequer de que a figura mais esperada desta época do ano chegaria. “Ele é tipo Deus. É muito bonzinho e visita todo mundo”, disse. A pequena moradora de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que adora ler, fez questão de relatar o verdadeiro espírito de Natal. “Perto da minha casa tem uma família que mora no banco. Vou dar algumas de minhas bonecas para a menina, porque tenho muitas.”

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