Temporais em diferentes partes de Minas Gerais transformaram o Natal de muita gente em uma data de tristeza, transtornos e apreensão, e fizeram aumentar ainda mais os números de uma tragédia que se repete a cada ano no estado. Com duas pessoas arrastadas em enchentes ainda desaparecidas, o número de mortos desde o início da atual estação chuvosa pode chegar a 16. Ambos os casos aconteceram na noite do dia 24: em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e em Santa Luzia, na Grande BH. O total de mortes já confirmadas dobrou desde o início do recesso natalino, chegando a 14. A quantidade é também duas vezes maior que a registrada em ocorrências associadas à chuva até 25 de dezembro do ano passado e supera o período chuvoso 2017/2018 inteiro, encerrado com 12 óbitos.
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Em Juiz de Fora, o temporal na noite de Natal alagou vários pontos da cidade e arrastou muitos carros pela correnteza que transformou ruas em rios. Vídeos gravados com celular por moradores mostram a impressionante força da enxurrada e situações de desespero. Os casos mais graves se concentraram na Região Leste da cidade.
Somente na segunda-feira, foram atendidas 22 ocorrências em Juiz de Fora, entre pedidos de corte de árvores, deslizamentos, desmoronamentos, alagamentos e enxurradas. “Foi uma chuva rápida e intensa. Durou cerca de 40 minutos, o que foi suficiente para provocar muitos estragos”, informou a unidade da cidade. Devido à grande demanda de ocorrências, militares do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, em escala de sobreaviso, foram convocados a comparecer ao quartel e 25 militares reforçaram o serviço operacional depois do temporal.
Em Santa Luzia, um homem identificado como Jorge Soares, de 62, também desapareceu depois de ser arrastado pela enxurrada na noite de segunda.
MORTES concentradas Apenas desde o sábado, quando começou o recesso de Natal, foram sete mortos em decorrência das chuvas. Todos foram vítimas de uma enchente de cabeceira que atingiu as cidades vizinhas de São João Batista do Glória, no Sul de Minas, e São Roque de Minas, no Centro-Oeste do estado, ambas na área de influência da Serra da Canastra. Uma oitava pessoa que estava desaparecida conseguiu escapar. Foi o que informaram ontem parentes, depois que as buscas pelo homem de 36 anos foram interrompidas (leia abaixo).
As ocorrências nas duas cidades fizeram saltar de sete para 14 o total de mortes, e levaram os casos fatais a se concentrar nessa região da Serra da Canastra e em Belo Horizonte. Na capital, a última tempestade provocou a morte de Ranur Pierre Silva Carneiro, de 28, em 6 de dezembro. O episódio ocorreu na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Sion, Região Centro-Sul, onde tronco e galhos de uma árvore atingiram cinco veículos, entre eles uma van escolar onde estavam várias crianças e o condutor. Os estudantes foram salvos, mas Ranur, que dirigia o escolar, morreu.
Em 15 de novembro, cinco pessoas já haviam morrido em consequência das chuvas em Belo Horizonte: Cristina Pereira Matos, de 40, e a filha Sofia Pereira, de 6, encontradas mortas dentro de um Palio arrastado pela correnteza no cruzamento das avenidas Vilarinho e Cristiano Machado; a adolescente Anna Luisa Fernandes de Paiva Maria, de 16, que foi sugada por um bueiro e levada pela correnteza; Robson Aparecido da Rocha, de 42, que caiu perto de uma manilha, em um córrego, na Ocupação Vitória, Região Norte, e Jonathan Reis Miranda, de 28, que se jogou em uma área alagada pelas chuvas em Venda Nova.
Estado de emergência
Confira a lista de municípios que decretaram emergência em virtude de “situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público”, segundo a Defesa Civil estadual
Norte de Minas
» Buritizeiro
» Josenópolis
» Pirapora
Vale do Mucuri
» Catuji
» Machacalis
Centro-Oeste
» Bambuí
» Santa Rosa da Serra
Vale do Aço
» Coronel Fabriciano
Vale do Rio Doce
» Resplendor
Região Central
» Morro da Garça
Zona da Mata
» Simão Pereira
Sul de Minas
» Soledade de Minas
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