Dezembro traz boas notícias para a Matriz Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como matriz de Antônio Dias, no Centro Histórico de Ouro Preto, na Região Central. A superintendente em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Célia Corsino, informou, ontem, que foi concluída a licitação para restauro dos elementos artísticos do templo do século 18. No local, estão sepultados os restos mortais de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho – em 2018, são lembrados os 280 anos do nascimento do artista mineiro, chamado de “mestre do Barroco”.
Segundo Célia Corsino, deverão começar em janeiro, com custo estimado em R$ 3,6 milhões, as obras que complementam a intervenção arquitetônica na Matriz de Antônio Dias, concluída em agosto do ano passado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. A emissão da ordem de serviço deve ocorrer na segunda quinzena do mês que vem.
Outra novidade, desta vez para o município vizinho de Mariana, é que o Iphan já deu o sinal verde para as ordens de serviço da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no valor de R$ 1,97 milhão, e Catedral da Sé (R$ 4,6 milhões). Para a cidade considerada a primeira vila, cidade e diocese de Minas, há mais investimento no patrimônio, lembrou Célia Corsino. Em setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Lei Rouanet, anunciou que vai repassar R$ 14,2 milhões para a execução das obras de restauração e reforma da Igreja São Francisco de Assis, fechada desde 2012, e da Casa do Conde de Assumar, anexa ao templo.
PINTURA DA FACHADA Ressaltando que a matriz de Antônio Dias é uma das mais representativas de Ouro Preto, o diretor do Departamento de Projetos Especiais do Iphan, Robson de Almeida, explica que a primeira etapa incluiu toda a restauração arquitetônica, com a recuperação estrutural e a mudança na pintura da fachada, a partir do resgate de suas cores originais. “Em janeiro, vamos começar nova etapa, igualmente valiosa para o nosso patrimônio cultural: a restauração dos elementos artísticos e integrados, garantindo o resgate do santuário em toda a sua riqueza e esplendor.”
Robson diz ainda que “a inquestionável relevância artística e arquitetônica da matriz de Antônio Dias para Ouro Preto é resultado dos esforços de diversas irmandades e estratos sociais, ainda nos tempos da construção, iniciada em 1705, que possibilitou a reunião dos trabalhos de alguns dos mestres do Barroco mineiro, como Manuel Francisco Lisboa e Aleijadinho”.
TESOURO A expectativa de religiosos e moradores de Ouro Preto, primeira cidade do país declarada patrimônio da humanidade, era grande durante a entrega da obra civil, no ano passado, embora a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, assegurasse a liberação dos recursos para os elementos artísticos ou os bens que incluem retábulos e ornamentação. Em entrevista ao Estado de Minas, o titular da paróquia, cônego Luiz Carneiro, se mostrou satisfeito: “Estamos felizes, pois nova etapa está assegurada para restauro dos elementos artísticos”.
Ainda na primeira etapa houve substituição de instalações elétricas, bem como prevenção e combate a incêndio. Outra importante mudança foi a pintura nas cores originais da igreja, resgatadas por meio de prospecções cromáticas, iconografia histórica e no relato dos antigos moradores. Sem dúvida, a intervenção figura como destaque de 2017 na cidade, berço de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que foi sepultado nesse templo sob o altar de Nossa Senhora da Boa Morte. O pai de Aleijadinho, Manuel Francisco Lisboa, também está sepultado no templo.
Uma das mais antigas igrejas de Minas, com construção iniciada em 1727, e também uma das maiores em tamanho e suntuosidade, a igreja matriz de Antônio Dias foi tombada isoladamente pelo Iphan em 1939. Ela foi uma das ações selecionadas para receber os investimentos do PAC Cidades Históricas, que também restaurou os chafarizes do Centro Histórico de Ouro Preto e prevê ainda a execução de outras 13 ações no município.
De cor nova
Em janeiro do ano passado, moradores e visitantes de Ouro Preto, na Região Central, tiveram uma bela surpresa ao percorrer o Centro Histórico da cidade, reconhecida como patrimônio da humanidade. Depois de décadas com um tom avermelhado, meio puxado para o rosa, devido ao tempo, a Matriz Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como matriz de Antônio Dias, exibia uma cor bem diferente, “velhinha em folha”, como brincaram alguns especialistas: amarelo-ocre, seguindo o padrão de outros templos. A reportagem do Estado de Minas documentou o visual, que valorizou ainda mais o conjunto, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).