A prisão em Belo Horizonte de um falso médium que usava truques de mágica e prometia tratamento espiritual para purificar dinheiro amaldiçoado liga o alerta para o crescimento de um crime silencioso na capital mineira e em toda Minas Gerais. Djalma Alves da Silva, de 55 anos, já tinha mandado de prisão em aberto por estelionato e foi preso em flagrante pelo mesmo crime ao aplicar um golpe que tirou R$ 284 mil de uma professora aposentada de BH, de 71. Um total de R$ 250 mil foi recuperado pelos policiais do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública mostram que o estelionato, tipo de delito descrito no artigo 171 do Código Penal, cresceu 3,43% em Belo Horizonte de janeiro a outubro deste ano quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas a escalada dessa conduta é ainda maior quando analisados os últimos três anos tanto em BH quanto em Minas (veja quadro). Em BH o ano de 2015 foi concluído com 8.292 registros, enquanto o ano passado terminou com 9.471 casos (alta de 14,21%). A Polícia Civil orienta as pessoas a desconfiarem principalmente de pedidos de dinheiro e de informações bancárias, além de procurarem informações sobre pessoas ou empresas que oferecerem algum tipo de serviço mediante pagamento.
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Falso médium já havia aplicado outros golpes de mais de R$ 300 mil em idosasDinheiro 'amaldiçoado' e truques de mágica: polícia prende falso médium que tirou R$ 284 mil de aposentada em BHDenúncias aumentam em Minas após prisão do médium João de DeusVeja o que abre e o que fecha no feriado do ano-novo em BH'Não me arrependo': idoso que matou mulher a machadadas é presoBatida entre ônibus e carreta deixa feridos na BR-365, em Montes ClarosA partir daí a mulher levou a vítima ao falso médium, que atendia em uma sala alugada no Edifício Clemente Faria, na Avenida Afonso Pena, em plena Praça Sete, e prometeu um tratamento espiritual para purificar e retirar a maldição do dinheiro, sob o argumento que esse era o problema que causava sofrimento na família. Um dos truques usados pelo estelionatário para impressionar a vítima foi mergulhar uma folha de papel na água e retirar com o aparecimento da imagem de um caixão, mediante conhecimentos de química que o criminoso possui. Ele tem, inclusive, uma carteira da Associação de Mágicos do Estado de São Paulo.
SAQUES EM SÉRIE Durante uma semana, a idosa fez vários saques no banco, entregando uma quantia de R$ 284 mil ao falsário, o que levantou suspeitas do gerente do banco, que acionou a família. Um dos saques foi de R$ 49 mil e o falsário sempre dizia para a mulher alegar que se tratava de uma obra que ela faria em casa. A própria vítima também desconfiou e a polícia foi acionada, conseguindo prender Djalma em flagrante quando ele se preparava para abandonar a sala no Centro de BH e fugir. Na casa dele, que fica no Bairro Castelo, Região da Pampulha, os investigadores do DHPP encontraram uma maleta trancada, que foi aberta na delegacia e continha R$ 250 mil. O valor foi restituído à vítima.
Segundo o delegado Sérgio Belizário, foi esse mandado de prisão que garantiu a manutenção do preso na cadeia, pois depois do flagrante da semana passada, a Justiça liberou Djalma durante audiência de custódia. Além de ser flagrado por estelionato, ele também foi preso por uso de documento falso e corrupção ativa, já que ofereceu R$ 20 mil de suborno aos policiais para ser liberado. Conforme a polícia, Djalma assumiu que é estelionatário, mas disse que subtraiu uma quantia menor da professora idosa. Os policiais acreditam que ele engana as pessoas há mais de 20 anos, mas já levantaram informações que indicam crimes em BH desde 2012.
OUTROS CASOS Investigações do Departamento de Fraudes identificaram duas outras vítimas do mesmo estelionatário: uma senhora de 84, que teve R$ 324 mil de prejuízo em 2013 e uma vítima de 79 , que teve prejuízo de R$ 39 mil em 2016. Segundo o departamento, o suspeito se apresentava também como “Mestre Silva”. O perfil das vítimas é variado, mas pessoas idosas são o alvo mais comum.
“As pessoas devem ter cuidado redobrado. Procurar informações sobre aquele local, sobre aquela pessoa. Se começar a pedir quantias em dinheiro, já desconfiar.