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Estado de Minas

No governo federal, chefe da Defesa Civil de BH quer integrar órgãos municipais

Chamado para a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, o Coronel Alexandre Lucas ficou 7 anos no órgão estadual e outros 8 anos no de BH. O enfrentamento a desastres o credenciaram


postado em 05/01/2019 16:43 / atualizado em 05/01/2019 17:41

Coronel Alexandre Lucas, à frente da secretaria Nacional de Defesa Civil, atuou por 15 anos em MG(foto: Comdec-BH)
Coronel Alexandre Lucas, à frente da secretaria Nacional de Defesa Civil, atuou por 15 anos em MG (foto: Comdec-BH)
A profusão de realidades desafiadoras, com secas, enchentes e desastres de todos os tipos assolando o estado de Minas Gerais, bem como o fato de Belo Horizonte ser considerada uma das melhores cidades do mundo em termos de gestão de crises ajudaram a credenciar o coronel Alexandre Lucas, subsecretário de Proteção e Defesa Civil (Supdec) para assumir a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.

“O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou ao Ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que encontrasse currículos técnicos de pessoas que entregassem o que seria necessário a cada função. E isso veio a coroar um trabalho de 15 anos na área da Defesa Civil, atuando nas melhores estruturas de gestão de crises do Brasil e enfrentando situações extremamente delicadas”, disse Lucas, que coordenou por 7 anos a Defesa Civil de Minas Gerais, e por 8 anos a da capital mineira.

Antes, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil funcionava na estrutura do Ministério da Integração Nacional, mas com a fusão dessa pasta com a do Ministério das Cidades, passou a integrar o novo Ministério do Desenvolvimento Regional. Apesar dessa união trazer mais atribuições para uma pasta mais enxuta, o futuro secretário afirma que isso vai permitir um trabalho mais integrado.

Coronel Lucas atuou em desastres de magnitude mundial, como o terremoto de 2010 no Haiti(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Coronel Lucas atuou em desastres de magnitude mundial, como o terremoto de 2010 no Haiti (foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)
Creio que foi uma intervenção de gestão muito inteligente. Num mesmo ministério teremos ações setoriais e importantes, juntando saneamento, segurança hídrica, habitação e mobilidade à defesa civil. Antes, esses setores não conversavam ou o faziam muito pouco. Agora, num mesmo prédio, sob o mesmo comando, essa integração será maior”, disse Lucas citando como exemplo um planejamento hipotético de um empreendimento do Minha Casa Minha Vida. “Será mais fácil saber da viabilidade desse projeto, pois a defesa civil vai poder indicar se se trata de uma área de risco, se há condição de abastecimento de água e mobilidade. Se há facilidade de saneamento”, exemplifica.

Desafios - Um dos maiores desafios pela frente já é bem conhecido do coronel: a falta ou despreparo das defesas civis municipais. “Como a eleição é a cada 4 anos, os governos que saem apagam todos os processos e todo o passado da gestão anterior. Quem chega, fica sem saber nada da realidade que vai enfrentar. Nem adianta ter recursos humanos e equipamentos sem esse conhecimento. Por isso, queremos armazenar esses processos nas prefeituras para que registrem e institucionalizem. Quem assumir não precisará mais começar do zero, mas poderá avançar”, espera.

A realidade mineira, para o coronel Alexandre Lucas, certamente foi um laboratório importantíssimo para assumir o Brasil. “Minas Gerais é uma síntese do Brasil. No Sul, a riqueza de São Paulo e do sudeste, mas a necessidade de água seca e pobreza do sertão. A disponibilidade de água muito grande, mas problemas tecnológicos. Temos empreendimentos que necessitam de atenção, como as barragens que temos no estado e que já geraram desastres, como o de Mariana.

Certamente aprendizados que nos credenciaram para a realidade brasileira”, considera. Na questão dos desafios mais urgentes, Minas Gerais também se assemelha ao Brasil na avaliação de Alexandre Lucas. “Temos muitos assentamentos em áreas de risco, sem urbanização. Comunidades em áreas improprias, mesmo nas zonas urbanas. São locais com alta propensão a desastres e que precisam de uma atenção maior”.

Terremoto - O Brasil tem uma grande vocação para ajudar vizinhos e países em necessidade. Quando o Haiti foi varrido por um terremoto, em 2010, o coronel Alexandre Lucas foi enviado para Porto Príncipe e esse tipo de experiência é considerado por ele como fundamental para contribuir com as ações humanitárias nacionais. “Foi uma experiência que vou levar, o Brasil tem uma responsabilidade muito grande de apoiar o continente junto ao ministério relações exteriores. No Haiti tivemos um desastre de grandes proporções”, disse.

Mesmo com o mundo inteiro ingressando num esforço humanitário, Lucas pode sentir as dificuldades inerentes às catástrofes em áreas tão remotas e miseráveis. “Tivemos muita dificuldade de logística, organização, barreiras de língua, barreiras culturais do povo. Não adiantava termos fartura de recursos humanos e logísticos. Lembro de uma reunião com o embaixador e que o Brasil se comprometeu a fornecer um milhão de fogareiros para os afetados. Mas era preciso de etanol. O Brasil, então, decidiu enviar um navio com etanol. Mas como esse líquido seria distribuído para os necessitados? Em que tipo de vasilhame? Qual o critério? Como seria retirado do navio? A teoria, nessas horas, não rompe todos os desafios”, considera.

Além do terremoto, o coronel enfrentou diversos momentos críticos, como o rompimento da Barragem de Miraí, em 2008, os deslizamentos e enchentes em Itajaí (Santa Catarina), em 2009, o rompimento da barragem de Cocal, no Piauí, a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, em BH, em plena Copa de 2014, e o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, no ano de 2015. Dessas tragédias, Lucas se lembra de tratar com o sofrimento dos atingidos, da necessidade de encontrar soluções rápidas, imediatas. Das articulações com pessoas e instituições. “Minha função muda um pouco agora. Terei de apoiar aos estados e municípios, tratar de políticas nacionais, pensar macro. Não estarei mais tão próximo das vítimas”, afirma.

Orçamento - Em meio à crise financeira, há também desafios orçamentários a se enfrentar. “A questão orçamentária é sempre menor que a necessidade se conseguir o que as pessoas precisam em cada situação. O que podemos fazer é conseguir que cada ministério, cada governo e órgão entenda sua participação no Sistema Nacional de Defesa Civil, para que possamos usar o orçamento de cada um e essa soma vai resultar em avanços, com cada um fazendo a sua parte. Cada um com a sua capilaridade ajuda muito se entregar um pouco de recursos”, considera.


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