Falha na fiscalização somada a eventos festivos, bebida em excesso, chuva e estradas sem manutenção. O resultado é uma bomba-relógio explodindo Brasil afora em forma de acidentes, a maioria graves. Foram mais de 45 mil ocorrências de trânsito em todo o país no último verão – média de 500 por dia. Minas Gerais registrou 12,3% desse total – de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, houve quase 62 acidentes diariamente. Mortes ou invalidez permanente foram as consequências para 72,6% dos envolvidos. Nesse período de férias de 2019, quando as rodovias ainda registrarão muitas idas e vindas, os números são um alerta para quem vai pegar no volante nos próximos dias.
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Natal e réveillon tiveram mais de 20 mil flagrantes de alta velocidade nas estradasFeriado de Ano-Novo termina com 20 mortes nas estradas mineirasFeriado natalino: 34 mortos, 624 feridos e 470 acidentes nas estradas de MGEstão abertas inscrições para programa de férias das escolas municipais; saiba como participarAcidente deixa ao menos cinco feridos na MGC-497, em IturamaAdolescente de 13 anos é esfaqueada sete vezes após fugir de estuproA Região Sudeste lidera o ranking de ocorrências, com mais de 14 mil casos já indenizados. Na sequência, o Nordeste registrou 13.537 acidentes. Com relação aos acidentes fatais, as duas regiões, juntas, somam 65% das mortes no período. As motocicletas são o veículo mais envolvido em acidentes graves: 3 mil ocorrências fatais e 23 mil casos de invalidez permanente.
Em Minas, dos 5.550 benefícios pagos, 693 foram por morte, 3.337 para pessoas que ficaram com algum tipo de invalidez permanente e 1.520 para despesas médicas e hospitalares. Dezembro de 2017, o campeão das tragédias no período analisado, concentrou o maior número de acidentes: 2.298. Os motoristas foram as principais vítimas e representaram cerca de 70% do total de ocorrências, seguidos por passageiros e pedestres.
O DPVAT é um seguro obrigatório e pode ser destinado a qualquer cidadão acidentado em território nacional, seja motorista, passageiro ou pedestre. Oferece três tipos de coberturas: morte (R$ 13,5 mil), invalidez permanente (até R$ 13,5 mil) e reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada de saúde (até R$ 2,7 mil). A proteção é assegurada por um período de até três anos.
CONCENTRAÇÃO O professor de engenharia de transporte e trânsito da Universidade Fumec Márcio Aguiar ressalta que a concentração de Natal, réveillon, férias e viagens rumo ao litoral num intervalo curto de tempo traz à tona uma somatória de fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes. “Em período de festas e férias há um descuido grande, porque não há continuidade da fiscalização, além da questão do álcool. As pessoas bebem, saem das festas e dirigem. O pessoal abusa da bebida, aumenta a velocidade, perde a noção do perigo e o resultado nós acompanhamos, infelizmente, todos os dias, que são os acidentes graves”, diz.
O especialista chama a atenção para o fato de a fiscalização não ser capaz de abranger o todo. “Ela é muito restrita. Não temos um corpo adequado para fazer blitze constantes.
Em 2017, o recesso de Natal foi sangrento no estado. Balanço das polícias Rodoviária Federal (PRF) e Militar Rodoviária (PMRv) apontaram a morte de 38 pessoas. A violência foi maior nas estradas estaduais, onde 24 mortes foram registradas. Nas estradas federais que cortam Minas,14 pessoas perderam a vida naquele ano. Levantamento da PRF apontou 190 acidentes em quatro dias de feriado, que deixaram 201 feridos. A Operação Natal 2017 terminou com 2.047 autuações, sendo 457 por ultrapassagem, e 20 pessoas presas. Os radares aplicaram 3.384 multas por excesso de velocidade. Dos 10 acidentes que terminaram com mortes, três foram colisão frontal, com sete das 14 mortes.
Já o feriado de Natal de 2018 teve um dia a mais (no ano anterior a data foi comemorada numa segunda-feira), mas foi menos trágico. Entre os últimos dias 21 e 25, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 11 pessoas morreram nas rodovias federais que cortam Minas, e outras 250 ficaram feridas em 127 acidentes. A ocorrência mais grave ocorreu na BR-116, em Leopoldina, na Zona da Mata, onde dois carros bateram de frente. Duas pessoas morreram.
No recesso de réveillon de 2018, 15 pessoas perderam a vida nas rodovias federais e estaduais. No feriado de ano novo de 2019, nos cinco dias de operação das polícias rodoviárias Federal e Estadual, 20 pessoas morreram em acidentes. As rodovias sob jurisdição do estado foram a que mais tiveram mortes, sendo 12 no total. Já nas vias federais, foram oito óbitos. Ao todo, foram registrados 368 acidentes. Eles deixaram, além dos mortos, 415 feridos. O acidente mais grave ocorreu na BR-381, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central de Minas Gerais.