OURO PRETO – O Centro Histórico de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais vai abrigar no ano que vem o Museu Boulieu – Caminhos da Fé, e muito antes da inauguração já tem gente visitando a construção. Interessados em conhecer o andamento do projeto e o interior do imóvel da década de 1930, estudantes de arquitetura e urbanismo e equipes capacitadas em patrimônio cultural prestam atenção em todos os detalhes, do subsolo ao forro, sempre com capacetes e demais equipamentos de segurança. “Estamos acostumados a receber o público quando as portas se abrem oficialmente, mas, no canteiro de obras, é a primeira vez”, afirma o secretário municipal de Cultura e Patrimônio, Zaqueu Astoni Moreira, ressaltando o caráter educativo da iniciativa.
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MPF recomenda plano anti-incêndio ao Museu da Inconfidência, em Ouro PretoRestauração do prédio que vai abrigar Museu Boulieu, em Ouro Preto, terá visitas guiadasMuseu da Força Expedicionária Brasileira será reaberto hoje em BH após mudar de endereçoEscolas listadas em relatório do TCE terão brigadistas e equipamentos anti-incêndioSatisfeito com a empreitada iniciada em julho, Zaqueu cita dois grupos que estiveram no canteiro de obras da Rua Padre Rolim a partir de outubro, quando começou o programa de visitação: a turma de 50 alunos do curso de arquitetura e urbanismo da Faculdade Serra da Mesa, em Goiás, e do curso oficiais de restauro, patrocinado pela AngloGold Ashanti, via programa Parcerias Sustentáveis e parte do Núcleo de Artes e Ofícios para Áreas de Mineração da Associação Milan Galo Social de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
ANTIGO ASILO A obra no Museu Boulieu – Caminhos da Fé, que funcionará no antigo Asilo São Vicente de Paulo componente do Paço da Misericórdia, espaço já restaurado e que abrigará o Centro de Artes e Fazeres, vai requerer investimentos da ordem de R$ 6,5 milhões. O município bancou os projetos de engenharia, arquitetura e museografia, no valor de R$ 220 mil, para possibilitar a aprovação na Lei Rouanet. Na visita, as pessoas podem conhecer o subsolo, espaço também apto a receber as peças, o pátio interno e outros e outros. O prédio tem oito ambientes para mostras, incluindo o porão. As peças foram doadas em 2004 à Arquidiocese de Mariana, à qual Ouro Preto está vinculada, e ainda estão no Rio de Janeiro (RJ), onde reside o casal. Segundo Zaqueu, todo o acervo será higienizado e restaurado, dependendo da necessidade, na sede da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), ligada ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
As peças doadas são fruto de 50 anos das viagens do casal Boulieu pelo mundo.
Com emoção, Maria Helena explicou que a doação à arquidiocese representava uma “ação de graças a Deus por uma vida plena e que deve ser compartilhada com a comunidade”. O acervo inclui imagens barrocas, pinturas e prataria do Brasil e de outras terras colonizadas pelos ibéricos: América Central, países andinos (Peru e Bolívia) e Ásia, incluindo Filipinas, Índia e China. “Sempre gostamos da arte barroca e, assim, fomos adquirindo as peças que achávamos interessantes. Como não temos filhos, embora muitos sobrinhos, vimos que o melhor seria doar a coleção para que os objetos não se dispersassem”, disse Maria Helena, esperançosa de que outras pessoas sigam esse exemplo.
Em nota, o presidente do Instituto Pedra, Luiz Fernando de Almeida, afirma que a obra de restauro é um processo de recuperação material e simbólica do patrimônio. “Se é viabilizada por recursos públicos, a geração de conhecimento durante o processo deve ser socialmente compartilhada.