Muitos prometem voltar – para ver pela primeira vez ou admirar novamente a arquitetura e elementos artísticos que contribuíram para o conjunto moderno da Pampulha se tornar patrimônio e paisagem cultural da humanidade. Mas não deixa de ser frustrante, nas férias de janeiro, chegar a Belo Horizonte e não poder visitar o interior da Igreja São Francisco de Assis, a Igrejinha da Pampulha, em processo de restauro. Na manhã ensolarada e quente de ontem, um grupo de 13 pessoas de Barra do Piraí (RJ) “bateu com o nariz na porta” e garantiu desconhecer o atual projeto. “A gente fica decepcionado, mas um dia volta. Estivemos aqui há 25 anos, queríamos rever a igrejinha”, disse Sebastião Viana, ao lado de mulher, Maristela Viana. Fechada à visitação desde 19 de dezembro de 2017, a igrejinha tem previsão de término de serviços em junho, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smobi).
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Término de obras na Igrejinha da Pampulha é adiado para o 2º semestre de 2019Mato e até lago tomam conta de área de estação do Move não construída em BHSebastião e Maristela, fluminenses de Barra do Piraí, passaram pela capital para um passeio mais longo: vão pegar o trem em direção a Vitória (ES). Organizadora do animado grupo de amigos, a professora Silvana Costa Dutra mostrou conhecimento sobre o templo vinculado à Arquidiocese de BH: “Foi projetado pelo arquiteto carioca Oscar Niemeyer (1907-2012) e tem obras de Cândido Portinari (1903-1962)”. Não foi à toa que a turma fez muitas fotos diante do painel dedicado à vida de São Francisco, de Portinari, que está à vista, livre dos tapumes instalados no fim de julho, exatamente para os clicks de mineiros, brasileiros de outros estados e estrangeiros.
Vindas de Aracaju (SE), a funcionária pública federal Maricélia Oliveira e a filha Vanessa Alves de Oliveira Lima, bancária, se mostraram decepcionadas com o fechamento da igrejinha construída na década de 1940, embora certa da importância da preservação.
Uma família de Bom Despacho, na Região Centro-Oeste, também desconhecia o fechamento da construção moderna. “O casal José Acácio, contador, e Solange Acácio, pedagoga, nunca entrou na igrejinha e promete voltar tão logo seja possível. A irmã de Solange, Sandra Mota Santos, e a filha dela, Anna Luíza, de 14, também pretendem viajar novamente para BH para rever a construção e demais monumentos que fizeram a fama internacional da Pampulha e levaram ao reconhecimento do complexo arquitetônico pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), há dois anos e meio.
SERVIÇOS De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, um dos principais cartões-postais de BH está recebendo recursos de cerca de R$ 1 milhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. As obras são executadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), via Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), com previsão de conclusão em junho de 2019. A intervenção faz parte dos compromissos assumidos com a Unesco, e a escolha do projeto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o PAC decorre da “importância do bem cultural e urgência na execução dos serviços”.
O restauro prevê a execução de serviços de revisão e tratamento das juntas de dilatação da cobertura, impermeabilização e substituição do forro da nave para evitar as infiltrações. Está prevista também a limpeza das fachadas, ação necessária para a preservação das pastilhas e da azulejaria aplicadas, a recuperação do piso em mármore, pintura e substituição dos painéis de madeira.
Até o momento, foram executados serviços de instalação dos tapumes e do canteiro de obras, proteção dos pisos e dos bens integrados (afresco, púlpito, batistério, degraus e painéis internos em azulejos), remoção do reboco deteriorado e lixamento da pintura na laje frontal.
Memória
Instalação de tapumes
Em 1º de agosto de 2018, o Estado de Minas documentou a movimentação dos operários instalando os tapumes, com mais de 100 metros lineares, nas laterais da Igreja São Francisco de Assis (foto), na Pampulha, em BH. No canteiro de obras, havia dois contêineres para abrigar escritório e almoxarifado. Para não furar o piso no entorno do templo, foram usadas estacas com base de concreto a fim de dar suporte aos tapumes. Os leitores ficaram sabendo que o painel contando a vida de São Francisco de Assis, obra de Cândido Portinari, ficaria visível durante a intervenção para facilitar a vida dos turistas. Afinal, todo mundo quer fazer selfies ou registrar a visita.
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