Jornal Estado de Minas

Casal larga emprego e parte de BH para viagem pela América do Sul de Kombi

Batizada de Maionese, Kombi foi completamente adaptada para virar a moradia do casal de paulistas - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Ano novo normalmente é o momento perfeito para mudanças. Começar a praticar exercícios físicos, fazer dieta, aprender novo idioma, mudar de emprego, estudar. Para o casal André Gomes, de 29 anos, e Graciele Mulinari, de 28, a virada do ano é o marco para transformação ainda mais radical. Naturais de Jundiaí, no interior de São Paulo, os dois largaram empregos e a vida com salário certo no fim do mês para embarcar em uma expedição pelo Brasil e América do Sul a bordo de uma Kombi, a nova casa dos dois. O veículo foi todo adaptado para virar a moradia do casal e o início dessa viagem tem tudo a ver com Belo Horizonte e Minas Gerais. André morou por seis anos na capital mineira e eles resolveram passar em BH para rever os amigos antes de começar a aventura. Enquanto aguardavam pequenos ajustes na nova casa, batizada de Maionese, já testaram a Kombi pelas montanhas mineiras da Serra do Cipó, destino turístico muito procurado em Santana do Riacho, na Região Central do estado. Agora, o roteiro inicial da jornada que não tem data para acabar inclui cinco destinos em Minas, antes de tomarem o Brasil e o continente como endereço.


“A ideia é não ter roteiro.
Não se trata de uma viagem, mas, sim, uma vida. Um novo estilo de vida. Temos uma direção em mente e, pra chegar até lá, escolhemos alguns destinos para estacionar, conhecer e imergir na cultura dos locais. Sem pressa, sem prazo, deixando que essa vida nos mostre um possível próximo passo”, diz André. Enquanto morou em Belo Horizonte, entre 2006 e 2012, ele quase se formou em engenharia elétrica, mas decidiu voltar para Jundiaí. Foi lá que conheceu Graciele, que é formada em educação física. Juntos há seis anos e nove meses, ela deixou o emprego como preparadora física e ele interrompeu uma trajetória de trabalhos na área de turismo, na qual atuou em navios de cruzeiro na Europa e também em hotéis de São Paulo.
“Crescimento pessoal, para mim, define essa viagem. Espero poder aprender e trocar experiências por onde passarmos e provar a mim mesma que é possível viver com pouco”, diz Graciele.



SOUL NOMADE Viver em um espaço reduzido será o maior desafio do casal, que batizou o novo projeto de vida de Soul Nomade. Afinal, a nova residência se resume à área interna da Kombi, que conta com sofá-cama para os dois, além de outros utensílios essenciais à rotina diária (leia mais abaixo). O custo do veículo e todas as adaptações necessárias foi de R$ 45 mil e a intenção do casal é vender brigadeiros tematizados para gerar renda durante a expedição, além de serviços freelancer na área de hotelaria nos destinos em que a Maionese estacionar. Graciele já atuava fazendo brigadeiros e doces para festas e eventos em Jundiaí, fora dos horários de sua ocupação principal. Um dos quesitos usados na hora de escolher os destinos será justamente a possibilidade de venda dos doces. “Também procuramos atrações disponíveis, ecoturismo, estrutura e segurança para definir para onde vamos”, acrescenta Graciele.

Como a ideia dos dois é desenvolver um novo estilo de vida, eles evitam colocar prazos de viagem e metas relacionadas a tempo na estrada. A intenção é viver de outra forma, tomando novas decisões de acordo com o rumo do projeto.
Enquanto isso, a Kombi vai seguir pelo Brasil em busca de experiências. “Temos uma lista de, aproximadamente, 30 países que conheceremos. Esse é o primeiro estágio: América do Sul em uma Kombi. O próximo será, provavelmente, América Central e do Norte. Mas não necessariamente de Kombi. Talvez em um motorhome maior, talvez em um mochilão ou intercâmbio”, completa André.

 

Foco na sustentabilidade

Para ganhar dinheiro, André e Graciele planejam vender brigadeiros e fazer freelancers em suas áreas de atuação: turismo e educação física - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Quando definiram por rodar pelo Brasil e América do Sul de Kombi, André Gomes e Graciele Mulinari escolheram buscar autonomia e opções sustentáveis para viabilizar o sonho do casal. Desde a geração de energia ao modelo de montagem do veículo, tudo foi pensado para gerar baixo impacto ao meio ambiente

No quesito energia, eles contam com painel solar de 280 watts, grande o bastante para alimentar uma bateria estacionária de 185 amperes/hora. Um inversor de tensão transforma os 12 volts da bateria em 220 volts, aguentando a demanda dos eletrônicos em funcionamento, como geladeira de 35 litros, climatizador quente e frio, e ainda fogão com forno e botijão de gás de cinco quilos.

“Nossa iluminação é um pequeno led e um lampião com várias formas de carregamento, inclusive solar. Adquirimos pensando também em iluminação externa”, diz Graciele. Ela acrescenta que o preparo da Maionese foi feito de forma simples.

“Praticamente, toda a montagem foi feita na casa dos meus pais, usando as ferramentas próprias, madeiras que já tínhamos, economizando o máximo possível”, pontua.

No quesito água, a Kombi possui dois reservatórios. Um deles fica embaixo do banco, que é a base do sofá-cama e tem a capacidade de 20 litros, destinados ao uso da pia. Outro reservatório fica preso entre as duas rodas do lado direito da Kombi com capacidade para armazenar 40 litros, esse reservado para água potável. No primeiro caso, a intenção é abastecer em locais como postos de gasolina e outros lugares que oferecem água para viajantes. No segundo, o suprimento se dará com galões de 20 litros próprios para o consumo.

BANHOS Para o banho, André explica que o ideal seria contar com alguma possibilidade externa, como chuveiros em campings, rodoviárias, postos ou pagar somente pela ducha em alguma pousada. “Enfim, o que acharmos mais viável. Mas nem sempre vamos achar interessante pagar por isso. E nem sempre teremos estabelecimentos por perto. Então, temos uma ducha 12 volts que faz a captação da água diretamente do nosso reservatório (galões embaixo do banco). Para maior conforto térmico, temos a possibilidade de esquentar água no fogão e abastecer o reservatório”, finaliza. 

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