Os protestos dos moradores da cidade de Baixo Guandu (ES) – contra as alterações nos acordos firmados com a Fundação Renova – vão restringir os trajetos dos trens da Vale nesta terça-feira (15). Segundo a mineradora, a composição férrea vai funcionar no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, na Região do Vale do Rio Doce.
Passageiros com viagens marcadas para esta terça-feira, para locais que não serão atendidos, poderão reagendar o bilhete. Há também a possibilidade de pedir o reembolso do valor investido na compra da viagem. Para garantir seu direito, o cidadão deve se dirigir, no prazo de até 30 dias, a qualquer uma das estações localizadas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas.
Centenas de pessoas fecharam a linha férrea em Baixo Guandu. Trata-se de uma reação à decisão liminar, expedida em 27 de dezembro, que modifica aproximadamente 1,5 mil acordos firmados com pescadores de Minas Gerais e Espírito Santo.
Pela decisão, os auxílios financeiros emergenciais pagos mensalmente – referentes à perda das atividades econômicas dos pescadores – podem ser descontados da indenização final. Tal valor deverá ser pago pela Fundação Renova. A liminar foi deferida pelo juiz Federal Mário de Paula Franco Júnior, da 12ª Vara Federal de Minas Gerais.
O protesto teve início por volta das 9h desta segunda. Aproximadamente 500 pessoas, segundo a Prefeitura de Baixo Guandu, se reuniram em frente ao escritório da Fundação Renova, no Centro da cidade. Duas horas depois, os moradores seguiram para a linha férrea. Os manifestantes colocaram galhos de árvores e ficaram parados próximo a Ponte de Ferro. De acordo com a administração municipal, uma composição chegou buzinando, mas teve que parar diante do protesto.
O prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, também participou do protesto. “A manifestação é legítima. A Samarco e suas controladoras Vale e BHP estão tratando toda esta tragédia com descaso, postergando soluções que deveriam ter sido colocadas em prática há muito tempo. A união de todos é importante para termos respostas ao maior desastre ambiental da história do país”, disse o prefeito, por meio de nota publicada no site da prefeitura.
Posicionamento
Em nota, a Fundação Renova afirma que “entende como legítima a manifestação em Baixo Guandu” e que está aberta ao diálogo. A Vale, por sua vez, disse que “repudia quaisquer manifestações violentas que coloquem em risco cerca de 2 mil pessoas que usam o trem de passageiros diariamente, seus empregados e suas operações e ratifica que obstruir ferrovia é crime”. A mineradora ressaltou, ainda, que “as reivindicações dos manifestantes “não têm relação com as operações da Vale”.