Férias e calor combinam com água. O que não combina é a falta de cuidado. Quem procura se refrescar nas belas cachoeiras e rios das Minas Gerais deve estar atento às ameaças que esses lugares escondem. Para chegar ao destino e voltar com segurança, o visitante precisa se preparar para passar por trilhas e tem que verificar as condições do clima. O registro de problemas vividos pelos visitantes tem aumentado. No ano passado, houve um crescimento de 16,3% no resgate de pessoas em todo o estado, na comparação com 2017. Relatos de sobreviventes ajudam a entender as situações adversas nesses pontos.
O bombeiro Walter Raimundo Marques da Costa, de 46, experiente no resgate de pessoas ilhadas, participou de um salvamento na Cachoeira Véu da Noiva. “No dia o céu estava fechado com risco de pancadas de chuva, por isso os prejuízos poderiam ter sido maiores”, conta. Os militares chegaram no local 20 minutos depois de receberem o chamado. “Fizemos o sobrevoo de helicóptero para traçar uma estratégia de como encontrar o pessoal. O trecho do rio tinha dois paredões com vegetação, não tinha condições de retirá-los pelo helicóptero, então decidimos entrar pela mata. É muito perigoso, a vegetação é completamente fechada, tivemos que ir abrindo o caminho com facão. Quando chegamos lá, tinha várias pessoas em cima de árvore e pedra. Cada um se abrigou da forma que podia”, descreve o militar.
ATENDIMENTOS Esse cenário tem se tornado mais comum que o habitual. De janeiro a novembro de 2018, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais realizou 526 atendimentos a pessoas perdidas, contra 452 no mesmo período de 2017, desaparecidas e ilhadas em locais como trilhas, matas, acampamentos, cachoeiras, rios, enxurradas e outros locais. Esse número representa um aumento de 16,7% em relação ao mesmo período em 2017.
Em todo o ano de 2018, ocorrências de afogamento em cachoeiras, lagoas e rios também registraram um aumento, de 19,5% em relação a 2017. Foram 619 casos no ano passado, contra 518 no anterior. Para evitar que as estatísticas aumentem neste ano, os bombeiros recomendam que as pessoas busquem informações sobre a possibilidade de chuva no local antes do passeio e que não visitem lugares proibidos e com sinalização de perigo.
No último domingo, mais uma pessoa foi resgatada em uma cachoeira. Uma mulher escorregou e ficou presa nas pedras da Cachoeira do Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro, na Região Central do estado. Priscila Martins Vieira, de 38, sofreu luxação no tornozelo e não conseguia andar. Outros visitantes comunicaram aos seguranças do Parque Natural Municipal do Tabuleiro do acontecido. Eles então, chamaram o Corpo de Bombeiros e conseguiram acalmar Priscila. Como o lugar era muito escorregadio e de difícil acesso, os bombeiros tiveram que usar um helicóptero para auxiliar no resgate.
“Um bombeiro foi até ela, a imobilizou e a levou até um local em que a aeronave conseguia alcançar para finalizar o resgate”, conta a major Karla Lessa Alvarenga Leal, que comandou a ação. Para ela, mesmo sem chuva, é preciso seguir algumas recomendações. “É importante que as pessoas deem preferência em visitar áreas controladas, como nos parques, onde existe o controle do tráfego de pessoas. Saber das suas limitações também é imprescindível, o público não deve fazer o que extrapola a condição física de cada um, até para preservar a saúde”, alerta.
(*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck)