Vandalismos e furtos ocorreram com frequência também com as bicicletas do Banco Itaú, a Bike BH, que atua na cidade há quatro anos e meio, e os veículos da própria Yellow já foram alvo também em São Paulo, São José dos Campos, Rio de Janeiro e Florianópolis, segundo a empresa. Para cicloativistas, apesar do crescimento da adesão aos deslocamentos sobre duas rodas, falta conscientização sobre esses novos modelos de transporte. E ainda há muito a fazer no que se refere aos veículos compartilhados. “Infelizmente, o vandalismo é algo comum em várias partes do mundo. Se não me engano, em algumas cidades, o índice de bikes disponíveis depredadas chega a 30%.
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PARTICIPAÇÃO TÍMIDA Embora haja uma adesão crescente do belo-horizontino ao pedal – aumento de 16% no número de pessoas que utilizam esse meio de locomoção em apenas um ano, de acordo com a Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo) –, o uso das bicicletas compartilhadas continua tímido. “O serviço de compartilhamento de bicicletas tem potencial gigantesco para aumentar o número de pessoas pedalando pela cidade. Outros países provam isso”, disse Mariana Oliveira, de 27 anos, arquiteta e urbanista, cicloativista e associada à BH em Ciclo. “Coloca as pessoas na rua e mostra que não é impossível andar de bicicleta na cidade. Quanto mais bicicletas na rua, mais os motoristas vão ser obrigados a respeitar o espaço que estamos ocupando.
Dados da BH em Ciclo, em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), relativos à Bike BH, entretanto, apontam que em 2017 os ciclistas nas compartilhadas eram 1,7% do total e em 2018, 1,5%. “O sistema de bicicleta compartilhada de Belo Horizonte tem um histórico de problemas de operação como estação off-line e veículos com defeito, o que afasta os potenciais usuários. Além disso, faltam ação de comunicação para incentivar o uso e investimento do poder público em infraestrutura”, avaliou Mariana. Levando-se em consideração os dados da Pesquisa Origem/Destino de 2012, que contabilizou aproximadamente 26 mil viagens diárias de bicicleta na cidade, as bicicletas compartilhadas têm potencial de aumentar em cerca de 5% o total de ciclistas em BH, calcula Mariana.
A falta de estrutura é um dos pontos criticados pelo ciclista Gustavo Rodrigues, de 25, médico residente. “É complicado andar de bicicleta em BH porque tem muito morro, a cidade é muito quente e não tem ciclovia suficiente. Isso torna o deslocamento bem perigoso. Os carros não respeitam.” Para ele, a depredação de bicicletas é consequência da falta de educação. “Quando cheguei em casa e deixei a bicicleta no passeio, o porteiro perguntou: ‘Vai deixar aí? Vão roubar’. Isso já fica na nossa cabeça, mas a insegurança é mais relacionada ao trânsito do que ao roubo”, acredita.
A pequena Mariana Castro Vallaci, de 10, mostra o potencial dos meios alternativos de transporte. Ao ler sobre as patinetes trazidas pela Yellow em Belo Horizonte, logo quis experimentar.
USO DE BIKES CRESCE 16% Pelo terceiro ano consecutivo, a BH em Ciclo, em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP-Brasil) realizou a contagem de ciclistas. A pesquisa aponta o crescimento de mais de 16% no número de ciclistas nos nove pontos da cidade usados como referência, onde foram contabilizados 3.838 ciclistas. Em 2017, eles eram 3.270.
É preciso abrir caminho para um contingente que não para de crescer, nem de pedalar. Belo Horizonte conta hoje com 89,93 quilômetros de ciclovias, com tendência de ampliação. A lógica adotada pelo município foi criar pistas nas regionais e, gradativamente, ir unindo a rede cicloviária, com a meta de chegar a 2020 com 411 quilômetros. Com isso, a expectativa é de que 6% de todos os deslocamentos da capital ocorram por bicicleta.
Segundo a BHTRans, no momento está sendo feita a revisão de projeto para 54 quilômetros de infraestrutura cicloviária integrada à Rede de Transporte Público de Belo Horizonte. “Estamos trabalhando também nos projetos de Zona 30 da Região Hospitalar e no bairro Cachoeirinha”, informa.