O rompimento da barragem de Brumadinho, pelas especificidades da região, pode ser mais grave que o desastre provocado em Mariana, com o rompimento do Fundão. A afirmação é do engenheiro e pesquisador Fernando Balbino de Souza na Universidade Federal de Lavras (Ufla).
De acordo com o pesquisador, isso se dá em função da elevada densidade populacional, da baixa qualidade ambiental ou da alta vulnerabilidade natural desses locais. “O que o meu trabalho mostra é que, um rompimento naquela região pode ser muito pior do que a barragem de fundão, por exemplo”, afirma.
O município de Brumadinho, de acordo com ele, está localizado na região do Quadrilátero Ferrífero, onde “os Índices de Vulnerabilidade Riparia Socioecológica (IVRSEs) são Alto e Muito Alto”. O índice, criado por ele, classifica a vulnerabilidade em regiões de barragens em Minas com base em três parâmetros: Qualidade Ambiental, Vulnerabilidade Social e Vulnerabilidade Ecológica. Leva em consideração ainda a densidade populacional dos locais para fazer o cálculo.
As conclusões são fruto de uma pesquisa realizada para a dissertação de mestrado do engenheiro, que analisou 730 regiões de barragens em Minase tem como base o Inventário de Barragens de Minas Gerais, de 2015. A barragem de Brumadinho, que se rompeu no início da tarde desta sexta-feira na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está localizada na área de maior vulnerabilidade ripária do estado.
“Essas áreas de maior risco são mais difíceis de serem recuperadas”, explica o pesquisador, que fez um mapeamento das áreas de risco de jusantes no estado.
* Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa .