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Estado de Minas

Copasa garante que não haverá problema no abastecimento, mas pede para deixar ''os reservatórios cheios''

Empresa suspendeu a captação de água do Rio Paraopeba, responsável pelo abastecimento atual da capital e outros 16 municípios


postado em 26/01/2019 07:00 / atualizado em 26/01/2019 08:55

Ver galeria . 26 Fotos  Tragédia de Brumadinho - Rompimento de rejeitos da Barragem 1 da Mina Feijão (Córrego Feijão)Gladyston Rodrigues/EM/D.A press
Tragédia de Brumadinho - Rompimento de rejeitos da Barragem 1 da Mina Feijão (Córrego Feijão) (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press )
Alerta, apreensão e medo nas comunidades ribeirinhas, ao longo do Rio Paraopeba, após o rompimento da barragem da mina Córrego Feijão, no início da tarde de ontem, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Paraopeba, Winston Caetano de Souza, o Tito, o momento é de atenção redobrada. “Estamos alertando moradores que usam água da calha do rio, principalmente agricultores, para ‘fazer o que podem de imediato’, pois não sabemos a forma como o recurso hídrico chegará às regiões, em especial ao Baixo Paraopeba”, explica. Tito tranquilizou a população de Belo Horizonte quanto ao abastecimento, já que os sistemas Rio Manso e Várzea das Flores estão a montante (antes) do local onde ocorreu a tragédia ambiental na estrutura pertencente à empresa Vale. A Copasa também comunica que não haverá prejuízos.

Preocupado com a situação ocorrida há pouco mais de três anos no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central – em 5 de dezembro de 2015, houve o rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela da Vale e BHP Billiton, na maior tragédia socioambiental do país – Tito disse que é fundamental que algumas cidades “mantenham os reservatórios cheios” para evitar desabastecimento e consumo do líquido. Ele citou Pará de Minas e Paraopeba, onde, por sinal, o presidente do CBH Rio Paraopeba estava na tarde de ontem. “Por isso é importante manter o sinal de alerta”, acrescentou. A estimativa é que mais de 1,3 milhão de pessoas morem em 48 cidades da Bacia do Rio Paraopeba.

Lembrando da devastação do Rio Doce causada pela lama da Barragem de Fundação, além da morte de 19 pessoas e destruição ambiental na bacia hidrográfica em Minas e no Espírito Santo, Tito explicou que, desta vez, o caminho passa pelo reservatório de Três Marias e Rio São Francisco, antes de chegar ao Oceano Atlântico. “Temos que destacar o grande número de produtores rurais, criatórios de peixes e outras atividades”, disse o presidente da entidade. Na tarde de ontem, a equipe do Estado de Minas verificou que os peixes já estão morrendo devido ao acúmulo de lama no rio.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)
Em Pará de Minas (100 mil habitantes), na Região Centro-Oeste, a Defesa Civil Municipal alerta a população para que não fique às margens do Rio Paraopeba, “pois há possibilidade de o nível da água subir repentinamente”. O rio corta a região do distrito de Córrego do Barro e, em Pará de Minas, onde  a Copasa não atua, são três os sistemas de captação: Paciência, Paiva e Paraopeba. A nota diz ainda que a empresa Águas de Pará de Minas, responsável pelo abastecimento de água da cidade, esclareceu que monitora o curso d’água e trabalha para manter o abastecimento da cidade e tomará as medidas necessárias para não causar transtornos à população”.

ABASTECIMENTO
Já a Copasa informou que o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) não será prejudicado com o rompimento da barragem em Brumadinho, embora tenha suspendido a captação de água do Rio Paraopeba, responsável pelo abastecimento atual da capital e outros 16 municípios. Segundo a Copasa, a medida foi tomada em caráter de precaução, uma vez que o acidente ocorreu acima da área de captação e há possibilidade de os rejeitos terem atingido o curso d’água.

O serviço começou em dezembro de 2015 como solução, para as próximas duas décadas, da crise hídrica que afetou a Grande BH naquele ano. A companhia pode usar a água captada diretamente no rio nos períodos chuvosos e, assim, poupar os reservatórios do Sistema Paraopeba. Por causa disso, a água das três represas do Sistema Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores) é suficiente para atendimento à RMBH, afirma a Copasa. Além deles, o fornecimento está sendo mantido ainda pela captação a fio d’água (direto do rio) do Rio das Velhas.

O Sistema Paraopeba é responsável pelo abastecimento de 2,3 milhões de pessoas, representando 43% da população de parte de Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Contagem, Esmeraldas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sarzedo, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa e parte de Vespasiano.

Na Grande BH, 5,1 milhões de habitantes de 21 municípios, são atendidos pelo sistema integrado metropolitano, formado pelos sistemas Velhas e Paraopeba, sendo este último composto pelas represas do Rio Manso, Serra Azul, Vargem das Flores e pela captação do Rio Paraopeba, em Brumadinho. Esses sistemas são interligados por adutoras, o que possibilita a transferência da água tratada por meio de manobras operacionais.

Juntos, os sistemas do Velhas e do Paraopeba, são responsáveis por cerca de 96% da produção total de água de BH e região metropolitana. Os outros 4% se referem aos sistemas superficiais de vazões menores e aos sistemas ditos isolados e independentes, constituídos por captações superficiais e subterrâneas. O sistema Rio das Velhas atende aproximadamente a 45% do volume de água e o restante (55%) é produzido pelo sistema da Bacia do Paraopeba e outros menores. Belo Horizonte recebe 70% da água produzida pelo Rio das Velhas.

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), equipes do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) e técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) já se deslocaram para o local do acidente, para verificar a ocorrência e tomar as providências necessárias. Os técnicos esclarecem que “o empreendimento e a barragem estão devidamente licenciados, sendo que, em dezembro de 2018, obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e para seu descomissionamento (encerramento de atividades)”. E mais: “A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo Governo de Minas.”

ONDA DE PERIGO
A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que está monitorando a onda de rejeitos e coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba. “A barragem da Usina Hidrelétrica Retiro Baixo está a 220 quilômetros do local do rompimento e possibilitará amortecimento da onda de rejeito. Estima-se que essa onda atingirá a usina em cerca de dois dias. A fiscalização da barragem rompida, de acumulação de rejeito de mineração, cabe à autoridade outorgante de direitos minerários.”


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