Entre jornalistas de vários estados e países que acompanhavam ao longo deste sábado (26) as informações sobre a tragédia de Brumadinho, estavam centenas de pessoas a espera das mesmas informações repassadas pelos coordenadores da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. Eram os parentes e amigos das vítimas desaparecidas em meio ao mar de lama que a mineradora Vale lançou sobre o povoado Córrego do Feijão.
Ao nosso lado, nas entrevistas coletivas, os familiares também cercavam as autoridades e tinham perguntas sobre os seus filhos e filhas, irmãs e irmãos, que desde a tarde de sexta-feira, quando a barragem se rompeu, não davam notícia. "Neste ônibus é possível que as pessoas estejam vivas?", perguntou um senhor ao porta-voz do Corpo de Bombeiros, antecipando a minha próxima pergunta sobre um veículo que foi achado soterrado pela lama ao lado da centro administrativo da mina. "Não. Aparentemente os funcionários dentro do ônibus estão todos mortos", respondeu o militar.
A resposta caiu como uma baque para o senhor e para outras dezenas que ouviam a coletiva ao nosso lado. A ansiedade dos familiares para descobrir o que aconteceu com seus entes aos poucos se transformava em desespero. Em seguida, se transbordava em raiva: "Vou ficar mais uma noite sem saber o que aconteceu com meu cunhado? Onde estão os representantes da Vale para nos dar as respostas?", reclamou a senhora que estava na passou a manhã inteira e parte da tarde em pé na portaria do gabinete de crise.