É grande o movimento no Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte. A todo momento, parentes e amigos de vítimas da tragédia de Brumadinho chegam à procura de notícias. Voluntários dão apoio do lado de fora e um posto da Vale foi montado no prédio vizinho da academia de polícia.
Três caminhões frigoríficos estão no pátio do IML. Os familiares são orientados a fazer cadastro na Acadepol. Nele, são repassadas as características físicas e algum detalhe do desaparecido, como tatuagem, que possa ajudar em uma possível identificação. Depois disso, a recomendação é aguardar eventual telefonema da polícia.
O estudante Wiron Gabriel Andrade Souza, de 18 anos, e o irmão dele, o desempregado Widy Augusto Ferreira da Silva, de 28, foram ao IML em busca de notícias do irmão Wiryslan Vinícius Andrade Souza, de 25, serviços gerais na área atingida.
Wiron conversou com ele na sexta pela manhã, combinando de saírem. A última visualização de mensagens foi às 12h24. Wiron acredita que o irmão estava no refeitório a essa hora. Widy tem esperanças de que ele esteja ilhado em algum local. "Estamos buscando informações em todos os lugares. Já fomos a hospital, nossos pais foram a Brumadinho (a família mora no Barreiro, em BH), e agora aqui. A falta de notícias nos deixa em desespero", diz.
Para aliviar a angústia, voluntários dão suporte médico, psicológico e espiritual. Água, suco, chá, café, cachorro quente, pão, biscoito servem familiares, policiais civis e até a imprensa. Pelo menos 20 pessoas se concentram com uma grande mesa montada na entrada no IML. Outro grupo está na Acadepol. "Viemos doar alimento um abraço, uma palavra de conforto. São famílias acabadas. É grande mas forma de partilhar um pouco do que temos", afirma um dos voluntários, o desempregado Maurílio da Conceição, de 38 anos.