O funcionamento da hidrelétrica de Retiro Baixo, localizado no Rio Paraopeba, entre os municípios de Curvelo e Pompéu, na Região Central de Minas Gerais, será interrompido na tarde desta segunda-feira (28). De acordo com a Retiro Baixo Energética, consórcio responsável pela hidrelétrica, trata-se de uma medida de precaução, já que os rejeitos da barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, estão previstos para chegar ao local nos próximos dias. A hidrelétrica está situada a, aproximadamente, 230 quilômetros do local onde se deu o rompimento.
Na última sexta-feira, dia do estouro, a hidrelétrica também suspendeu suas ativades como medida de cautela.
Na última sexta-feira, dia do estouro, a hidrelétrica também suspendeu suas ativades como medida de cautela.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Barata, informou que a saída de operação da hidrelétrica não prejudica o sistema, apesar dos sucessivos recordes de carga de energia elétrica registrados nas últimas semanas. "É apenas uma medida de cautela, para proteger as turbinas, mas a saída dela não traz problemas ao sistema, é pequena", disse em entrevista pela manhã.
Abastecimento de energia
Segundo o executivo, apesar da potência da usina ser de 82 megawatts (MW), ela estava gerando apenas 30 MW, o que será compensado facilmente por outra fonte de energia. Barata informou que desde o acidente na sexta-feira, 25, o ONS vem participando da sala de crise instalada pelo governo para administrar a tragédia de Brumadinho, e que até o momento, do ponto de vista do abastecimento de energia, não há riscos.
"A lama estava prevista para chegar à hidrelétrica nos próximos dias, estamos monitorando para ver se chegará suja ou limpa", disse Barata, que afasta por enquanto o risco de uma eventual poluição também no Rio São Francisco, já que o Rio Paraopeba, que passa por Brumadinho, deságua nele. "A previsão é de que não chegue (no São Francisco), mas estamos na sala de crise monitorando isso, acompanhando o fluxo dos rejeitos", explicou Barata.
Três Marias
Além de Rio Baixo, há indícios de que os rejeitos podem ainda chegar à hidrelétrica de Três Marias, no Rio São Francisco. De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a chegada da onda poderá acontecer entre 2 e 6 de fevereiro. No entanto, o ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil, Gustavo Henrique Canuto, explicou que ainda não é possível apontar se a lama realmente chegará ao local.
Até o momento, o rompimento da barragem já contabiliza 60 mortos e cerca de 291 desaparecidos.
*Estagiário sob supervisão do editor Benny Cohen