A Faculdade Asa, onde está localizado o Centro de Comando das autoridades que fazem as buscas das vítimas do rompimento da barragem I da Mina Córrego do Feijão, virou um local de tensão permanente. Familiares e amigos dos desaparecidos reivindicam, a todo momento, o direito de ir até as áreas de buscas pelas vítimas. Além disso, há revolta quanto ao fato de bombeiros voluntários de Minas Gerais e outros estados estarem sendo impedidos de auxiliar as autoridades mineiras.
Mais cedo, bombeiros voluntários de São Paulo condenaram a atitude do Corpo de Bombeiros de negar a entrada do grupo em áreas de busca das vítimas. De acordo com o grupo, a negativa não seria apenas para as áreas consideradas 'quentes', mas para todas as regiões de buscas.
“Eles (voluntários) estão todos ali, parados, desde sábado. Querem trabalhar e nenhum deles pode porque não podem entrar, nem que sejam nas zonas mais mornas, para ajudar as pessoas a serem salvas”, disse o familiar de um dos desaparecidos (assista ao vídeo acima) .
Segundo o familiar, os agentes voluntários estão sendo impedidos de trabalhar pelas autoridades mineiras. “Queremos os trabalhos deles, que resgatem as pessoas. Estão desesperados, doidos para trabalhar e a ordem daqui de cima diz que não”, concluiu.
Bruna Tais, monitora de área do Instituto Inhotim, reivindica sua entrada em locais proibidos pelas autoridades.Seu tio, Carlos Augusto Santos Pereira, e seu primo, Cássio Cruz Silva, estão entre os desaparecidos. “É um absurdo, eles falam que estão atualizando lista, mas não estão. Não estão deixando ir ao hospital ou a lugar nenhum”, reclamou.
“Eu não estou procurando lugar para comer ou abrigo. Eu só quero meus familiares, seja mortos ou vivos, seja como for. Eles estão selecionando as pessoas para dar mídia, falando que estão internando (as pessoas), mas não estão, não.”
Em entrevista nesse domingo, o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Tenente Pedro Aihara, negou que a corporação, junto com a Defesa Civil do estado, tenha solicitado ajuda de voluntários.
“É importante afirmar que nem o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, nem a Defesa Civil de Minas Gerais solicitou em nenhum momento o apoio de voluntários. É evidente que a gente reconhece a boa vontade desses profissionais, mas, como já foi destacado, a atuação do Corpo de Bombeiros Militar neste tipo de local é uma atuação extremamente técnica, então a gente tem que coordenar da melhor forma possível para que não maximize a tragédia”, afirmou.
Nota, na íntegra, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais:
Os bombeiros voluntários NÃO estão sendo impedidos de trabalhar em Brumadinho. O que acontece é que todas as formas de apoio precisam ser devidamente controladas. Na área quente nem mesmo os Bombeiros Militares tem acesso livre para fazer buscas. O trabalho de busca está sendo feito apenas com equipe especializada, tanto de bombeiros militares de Minas Gerais, de cães farejadores, como também de outras forças.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa