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Estado de Minas

CNBB pede rigor em fiscalização após tragédia e cita profecia do papa Paulo VI

A entidade faz referência a uma profecia do papa Paulo VI, de que a exploração da natureza pelo ser humano o coloca em risco de destruir a si próprio


postado em 28/01/2019 17:32

O desastre barragem do Fundão, em Mariana, em 5 de novembro de 2015, “não serviu como lição” para se tomar mais cuidados com o meio ambiente e diminuir os riscos de acidente na mineração. Isso favoreceu para que ocorresse novo desastre, com o rompimento do reservatório em Brumadinho, na Grande BH. Esta é a crítica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota de solidariedade às vítimas da tragédia da última sexta-feira. Além de cobrar mais rigor na fiscalização das mineradoras e maior atuação do Poder Judiciário, a entidade faz referência a uma profecia do papa Paulo VI, de que a exploração da natureza pelo ser humano o coloca em risco de destruir a si próprio.

“É muito triste constatar que o 'desastre de Mariana' tenha ensinado tão pouco. É urgente que a atividade mineradora no Brasil tenha um marco regulatório que retire do centro o lucro exorbitante das mineradoras ao preço do sacrifício humano e da depredação do meio ambiente, com a consequente destruição da biodiversidade”, diz o texto. A entidade lembra que, por ocasião do “Desastre de Mariana”, o Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB afirmava que “é preciso colocar um limite ao lucro a todo custo que, muitas vezes, faz negligenciar medidas de segurança e proteção à vida das pessoas e do planeta”.

A nota é assinada pelo presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília. Ele cobra uma fiscalização mais rigorosa e agilidade da Justiça. “As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça”, afirma.

“A tragédia em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, vem confirmar a profecia de São Paulo VI: “Por motivo de uma exploração que não leva em consideração a natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”, descreve o presidente da CNBB. Dom Sérgio da Rocha, menciona o discurso feito por Paulo VI na FAO (Organização das Nações para a Agricultura e Alimentação), em 16 de novembro de 1970.

A CNBB também menciona trechos da encíclica Louvado Sejas – “sobre o Cuidado da Casa Comum”, publicada pelo papa Francisco em 2015, em que o pontífice condena o consumismo e o desenvolvimento irresponsável, fazendo um apelo pela unificação global, visando o combate à degradação ambiental e às climáticas. “O princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceitual da economia”, é a frase do Papa Francisco destacada no texto. “Esse “princípio’ destrói a natureza e a pessoa humana”, alerta a entidade da Igreja Católica, que cita outra citação do papa na mesma encíclica: “o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos”.

Domingo, O papa Francisco se solidarizou com as vítimas do rompimento da Barragem de Brumadinho. Em uma visita ao Panamá, onde acontece a Jornada Mundial da Juventude, o sumo pontífice afirmou que está rezando pelas pessoas atingidas. “Quero exprimir a minha dor pela tragédia que atingiu o estado de Minas Gerais, no Brasil. Recomendo a misericórdia de Deus à todas as vítimas e ao mesmo tempo rezo pelos feridos e exprimo meu afeto e proximidade espiritual às suas famílias”, afirmou Francisco.


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