Jornal Estado de Minas

Bombeiros voluntários esperam autorização para atuar nas buscas em Brumadinho

O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Minas Gerais negaram que tenha solicitado ajuda de bombeiros voluntários de Minas Gerais ou de outros estados. A discussão entrou em foco depois da constatação de que grupos de voluntários estariam sendo impedidos de auxiliar nas buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Associações de pelo menos três estados - Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina - estão na cidade para ajudar as autoridades de Minas.

Em entrevista à rádio Jovem na noite desse domingo, o Comandante Santos, do grupo de bombeiros voluntários de São Paulo, confirmou que estão sendo impedidos pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais de ajudar nas buscas pelas vítimas. Segundo ele, o Coronel Almeida, bombeiro de MG, dispensou a ajuda. O voluntário paulista ainda teria afirmado que foi estipulado um prazo de até duas horas para sua equipe ir embora.



Ainda na entrevista, o Comandante Santos informou que a própria Defesa Civil de Minas Gerais solicitou ajuda. No entanto, a órgão mineiro negou que tenha pedido auxílio de outros estados.

Outro ponto questionado pelos paulistas foi o fato de não poderem ajudar nem em outras frentes. “Essa história de dispensar a gente porque não podemos entrar em área quente é conversa fiada. Não estamos nem pedindo para entrar em área quente”, desabafou.

Além do grupo de voluntários de São Paulo, chegaram a Brumadinho, na tarde de ontem, 28 bombeiros voluntários e um médico de Santa Catarina.
No entanto, eles também não foram autorizados pelo Corpo de Bombeiros de MG a participar dos resgates. 

De acordo com a Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado de Santa Catarina (Abvesc), que atua desde 2001, além do material humano, chegaram duas caminhonetes 4x4, uma ambulância 4x4, três veículos operacionais, dois drones, um quadricíclo, uma carretinha de resgate com motosserras, moto abrasivos, ferramenta hidráulica de resgate, gerador e rompedor. 

Segundo a associação, parte dos integrantes da equipe atuou nos desastres naturais de Santa Catarina em 2008, quando mais de 100 pessoas morreram após enchentes provocadas por chuvas fortes. Além disso, há também voluntários que trabalharam no Haiti, em 2010, e no resgate de vítimas do deslizamento de terra em Teresópolis (RJ), em 2012.

Em depoimento ao Estado de Minas, o subcomandante dos bombeiros voluntários de Santa Catarina, Amarildo Molinari, afirmou que espera, desde a tarde desse domingo, a autorização do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais para que o grupo possa atuar nas áreas. Eles estão acampados no ginásio poliesportivo, localizado no Centro de Brumadinho. 

“Temos estrutura para ficar aqui na cidade por até 10 dias sem receber ajuda do estado. Temos nosso próprio material, água e alimentos. As pessoas daqui de Brumadinho estão cientes da nossa presença na cidade. Eles cobram, mas dependemos de autorização do posto de comando (onde estão as autoridades das equipes de buscas)”, concluiu.

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que não está impedindo os voluntários de trabalhar em Brumadinho. “O que acontece é que todas as formas de apoio precisam ser devidamente controladas. Na área quente nem mesmo os Bombeiros Militares têm acesso livre para fazer buscas.
O trabalho de busca está sendo feito apenas com equipe especializada, tanto de bombeiros militares de Minas Gerais, de cães farejadores, como também de outras forças.”

*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa
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