Além da Vale, participaram da mediação o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública, Defesa Civil, Copasa e Polícia Militar. Todos se pronunciaram e ouviram as cobranças feitas pelos moradores.
Inicialmente, a comunidade se mostrou indignada pelo desamparo da mineradora. Afinal, a barragem se rompeu no início da tarde de sexta-feira e a Vale só entrou em contato com os moradores do Parque da Cachoeiras, uma das regiões povoadas mais atingidas, na tarde de domingo.
Cleuza Jesué, gerente executiva de meio-ambiente da Vale, explicou o motivo da demora da empresa em atender os moradores. “Nós estamos trabalhando em campo, diretamente. São várias frentes de trabalho. É quase impossível no mesmo dia atingir todas as comunidades. Estamos nos organizando e, a partir de hoje, nós já temos um posto de atendimento aqui e vamos atender especificamente parte da cachoeira”, disse.
Os números são assustadores e as reclamações são variadas. Foram cerca de 25 casas soterradas. Algumas moradias que resistiram ao impacto, estão bloqueadas pela lama. O cheiro forte dos rejeitos incomoda. Desabrigados, os moradores procuraram amigos ou familiares para passar as noites. Desde domingo, quando a Vale iniciou a assistência, algumas famílias preferiram se hospedar em hotéis.
Depois de muita discussão, com direito a críticas fortes dos moradores e revolta por amigos e familiares perdidos na tragédia, os mediadores deram a palavra à comunidade para fazer solicitações à Vale. Veja abaixo os pedidos e as respostas da mineradora.
Alimentação de qualidade - No primeiro dia, a Vale providenciou apenas almoço e jantar aos moradores da comunidade. Agora, promete também café da manhã e café da tarde. A empresa planeja uma cozinha para que a população não coma apenas marmitex. Também serão disponibilizados utensílios domésticos. Caso os moradores não queiram ajudar na cozinha, pessoas serão contratadas para trabalhar como cozinheiras da comunidade.
Falta de energia elétrica e água em algumas residências - A Vale pediu endereço das casas para resolver os problemas.
Pedido por um posto policial na comunidade por causa da segurança - A Polícia Militar vai intensificar as rondas na região. Nos próximos dias, responderá à Vale sobre a possibilidade de instalação de um posto policial.
Contaminação dos rejeitos - O material dos rejeitos está sob análise em laboratório. Assim que a Vale tiver os resultados informará sobre possibilidade de contaminação. A informação inicial é de que o material não transmite doenças.
Como e quando o barro será retirado - A Vale ainda não tem resposta para essa pergunta, mas promete resolver o problema nos próximos dias.
O que vão fazer com os moradores que perderam as residências - A Vale pediu identificação de cada pessoa que perdeu a casa. Querem saber quem deseja morar de aluguel, em hotel e em outra cidade. Assim que tiver os dados, iniciará o contato individual.
Como vão se sustentar os produtores rurais que perderam os seus produtos e materiais - O mesmo caso de quem perdeu a residência. Cada produtor deve passar à Vale toda a estimativa de produção e prejuìzo para reuniões individuais em busca de ressarcimento.
Comunicação direta com a Vale - A Vale vai instalar um posto de atendimento 24 horas para atender aos moradores do Parque da Cachoeira. O local terá um mapa mostrando aréas de risco e locais isolados pela Defesa Civil.
Além disso, a Vale disponibilizou cinco psicológos para conversarem com os moradores do Parque da Cachoeira. A comunidade ainda montou uma comissão que acompanhará todas as movimentações da Vale à respeito de cada situação e se reunirá também com os outros prejudicados pelo rompimento da barragem.