Os rejeitos de minério que vazaram da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segue pelo Rio Paraopeba.
Na manhã desta terça-feira, o material passou por Juatuba, também na Grande BH. Técnicos do Serviço Geológico do Brasil, que prestam serviço para a Agência Nacional das Águas (ANA) estiveram no local onde acompanharam a movimentação. A Vale vai tentar conter os rejeitos para tentar impedir que a captação de água em Pará de Minas, localizada a 85km da capital mineira, seja influenciada.
O Boletim de Monitoramento Especial do Rio Paraopeba, elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), prevê que a lama com rejeitos de barragem da Vale alcance, entre 15 e 20 de fevereiro, a Usina Hidrelétrica de Três Marias, na Bacia do Rio São Francisco, Região Central de Minas. A nascente do Paraopeba está localizada no município de Cristiano Otoni, mesorregião metropolitana de Belo Horizonte, e a foz, na represa de Três Marias, no município de Felixlândia.
De acordo com boletim da CPRM, a “água turva” percorre a Rio Paraopeba a uma velocidade de 1km/hora. Hoje à noite, os rejeitos deverão alcançar o município de São José da Varginha e, entre 5 e 10 de fevereiro, a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre os municípios mineiros de Curvelo e Pompéu.
A Vale, mineradora que administrava a barragem que se rompeu em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte, deve iniciar nesta terça-feira medidas para tentar evitar o avanço dos rejeitos de minério ao longo do Rio Paraopeba. “Estamos, a partir de amanhã (terça-feira), colocando uma cortina de contenção no Rio Paraopeba para impedir que o rejeito que se desloca afete a captação de água do município de Pará de Minas. Temos uma expectativa muito grande que isso tenha sucesso”, anunciou o diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da empresa, Luciano Siani, em entrevista coletiva concedida na tarde de segunda-feira.
Morte de córregos
Segundo nota do Fórum Brasileiro de Bacias Hidrográficas, já se constata o “total desaparecimento dos córregos Ferro do Carvão e do Feijão e o deslocamento da lama para o curso do Rio Paraopeba, podendo atingir a represa de Três Marias, comprometendo assim o Rio São Francisco”. “Importante dizer que no Rio Paraopeba existe uma captação da Copasa que abastece 50% da região metropolitana de Belo Horizonte”, alerta a entidade no documento. Ainda segundo o fórum, além dos rios houve “destruição de matas ciliares, de mata atlântica, e mortes de animais”. “Perdas em sua grande parte irreparáveis”, completou o texto. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba cobrou medidas das autoridades e reivindicou sua participação efetiva no gabinete de crise criado depois do desastre e, “posteriormente, nas ações de recuperação que serão implantadas”.