Jornal Estado de Minas

Peritos de Brasília chegam ao IML de BH para auxiliar na identificação dos corpos de Brumadinho



Quatro peritos de Brasília chegaram no final da manhã de hoje ao Instituto Médico-Legal (IML) de Belo Horizonte para auxiliar os 88 profissionais que atuam na identificação e liberação dos corpos das vítimas do desastre em Brumadinho, na Grande BH. São dois médicos-legistas, uma perita especializada em odontologia e um papiloscopista (profissional que trata da identificação humana por meio das palmas das mãos e sola dos pés). Até as 12h desta terça-feira, somente familiares de um desaparecido estiveram no local.

Na segunda-feira, em virtude do aumento significativo de vítimas do desastre, a Polícia Civil informou que a Academia de Polícia de Minas Gerais (Acadepol) organizaria força-tarefa para agilizar o processo de reconhecimento dos corpos. Além do aumento de profissionais envolvidos no processo, a Acadepol desenvolveu um cadastro especial para facilitar a identificação dos mortos.

O local na capital atualmente tem capacidade para 77 câmaras frigoríficas e pode estender o atendimento a outros 350 corpos. Até então, 88 médicos-legistas estavam trabalhando no processo. A maioria dos corpos tem sido reconhecidas por impressão digital.

Maria de Fátima Soares Mota, de 30 anos, não teve como reconhecer o corpo do irmão, o mecânico Wanderson Soares Mota, de 32, que trabalhava há 10 anos na Vale. Ela chegou de Tocantins na tarde de segunda feira, depois de a família ser acionada pelo IML, mas disse que devido ao estado adiantado de decomposição ele só pode ser identificado via digital.

Maria de Fátima responsabilizou a Vale pela tragédia e disse que tomou conhecimento sobre um laudo que teria sido emitido 30 dias antes do rompimento da barragem, indicando sobre rachaduras na represa. “As pessoas já vinham comentando e acho que a empresa não deveria ter construído um escritório e um refeitório numa área de tanto risco.

Sobre trabalhar no local, “ele não gostava, na verdade, dizia que a vida dele estava em risco, poderia ter um desabamento a qualquer momento. Já manifestava esse medo. Queria sair da empresa e procurar outro emprego”, diz. O sepultamento de Wanderson está previsto para amanhã, em Filadélfia, Tocantins, sua terra natal. Ele deixa viúva. O casal não tinha filhos.

A assessoria da Polícia Civil solicita que os familiares de desaparecidos não se dirijam ao IML sem que sejam convocados. O acesso ao setor de identificação será permitido apenas àqueles familiares que tenham sido contatados pelo instituto.

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