“Minas não tem mar, mas fizeram dois mares de lama nas minas.” O jornalista Cid Moreira, de 91 anos, emocionou internautas com um poema divulgado ontem (28) em sua conta do Instagram, sobre a situação em Minas Gerais, em decorrência do segundo rompimento de barragem de rejeitos em menos de 4 anos. “A sanfoneira de BH Tereza Cristina acabou de me enviar essa poesia. É de autor desconhecido, de Sete Lagoas. Não poderia ser mais comovente”, disse, na legenda do vídeo.
Na voz marcante do jornalista, o poema exprime profunda dor em relação aos efeitos da lama para as famílias, fauna, flora e rios afetados pelos incidentes de Mariana e Brumadinho. “Não foi a lama não, foi o homem que fez a lama, que jogou Mariana e Brumadinho no chão. Quem devolverá tudo que levaram de mim?”, declamou. Acompanhe, na íntegra, o poema declamado pelo jornalista:
Minas não tem mar,
Mas fizeram dois mares de lama nas minas.
Cadê minha casa que estava aqui?
Cadê meu boi, meu cavalo?
Cadê meu cachorro?
Cadê meu pé de mamão?
Meu carrinho de mão?
Cadê meu pé de limão?
Cadê meus livros?
Cadê meu arroz, feijão?
Cadê meu colchão?
Cadê meu pai, minha mãe, meus irmãos?
A lama levou....
A lama levou minha vida
Meus sonhos,
Meu porto seguro,
Meu chão.
Não foi a lama não,
Foi o homem que fez a lama, que jogou Mariana e Brumadinho no chão.
Tingiu de marrom as águas do meu Rio Doce,
Coloriu de terra meu Paraopeba,
Vai tingir meu Velho Chico.
Vai calar a voz dos passarinhos,
Matar os peixes,
Que será de mim?
Quem devolverá tudo que levaram de mim?
(Autor Desconhecido)
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