A Vale vai desmontar 10 barragens construídas a montante, mesmo molde da estrutura que se rompeu na sexta-feira em Brumadinho. Para isso, as operações nos empreendimentos onde elas estão localizadas serão interrompidas por até três anos, anunciou nesta terça-feira, em entrevista coletiva, o presidente da companhia, Fabio Schvartsman. A decisão da empresa foi apresentada hoje ao Ministério das Minas e Energia, em Brasília, e ontem, ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo). O programa vai custar R$ 5 bilhões e deve reduzir a produção de minério de ferro da companhia em 10%. Serão descomissionadas – descaracterizadas como barragens e rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente – quatro estruturas do complexo Vargem Grande (Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá) e cinco do Paraopebas (Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira). Todas elas já estão desativadas e se distribuem por cinco cidades. A lista inclui também a represa de rejeitos da Minas do Córrego do Feijão, que colapsou na semana passada.
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O projeto de descomissionamento dessas estruturas já vinha sendo desenvolvido desde o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, Região Central de Minas, em 2015. A estrutura pertencia à Samarco, da qual a Vale é uma das controladoras. Segundo o presidente da companhia, a diretoria que estava à frente da mineradora na época do desastre fez levantamento das então 19 barragens em construção a montante da companhia. A mineradora, então, as paralisou, tornando inativas todas elas, trabalhando com especialistas internacionais para ter segurança da estabilidade, explicou.
Concomitantemente, foi iniciado o descomissionamento gradual, já concluído em nove represas de rejeitos.
Com o descomissionamento, o rejeito é retirado e lhe dado algum uso, como ser transformado em tijolo, ou coberto e integrado à natureza para não interferir em mais nada. “A decisão da companhia, depois desse desastre, é de que não podemos mais conviver com isso. Foi referendado pelo Conselho de Administração o plano de eliminar todas as barragens a montante, descomissionar todas, com efeito imediato”, anunciou Schvartsman. Para isso, será necessário paralisar as operações de mineração em todos os locais que estão nas proximidades delas, por causa do risco de desmoronamento em virtude da interferência da operação das minas durante o processo de desativação das áreas, explicou.
O presidente da Vale informou ainda que os projetos estão prontos e serão enviados para licenciamento ambiental à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) nos próximos 45 dias. Depois da concessão, será dado início imediato ao descomissionamento. A estimativa é de que os trabalhos levem no mínimo um ano e máximo de três, dependendo das características de cada estrutura.
EFEITOS ECONÔMICOS A paralisação das atividades terá seus efeitos econômicos.
A parada de operações representa 10% do total de minério produzido pela Vale – 400 milhões toneladas por ano. O descomissionamento, a ser feito por empresas contratadas pela companhia, vai custar R$ 5 bilhões. A empresa promete não demitir ninguém. O presidente da companhia informou que os 5 mil trabalhadores das áreas a serem afetadas, entre empregados próprios e terceirizados, serão absorvidos no plantel da Vale, que conta com 80 mil pessoas, entre os que fazem parte de seu corpo de funcionários e aqueles que são de empresas prestadoras de serviços.
“Quando houve o acidente de Mariana, a decisão foi paralisar todas as barragens a montante e iniciar trabalho progressivo de descomissionamento.