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“O Corpo de Bombeiros tem sido bem amigo. Reconheceu que estamos aqui para ajudar. Eles nos dão almoço, lanche, água, o que a gente precisa.
Bombeiros que estão envolvidos no resgate não estão autorizados a dar entrevistas. Em conversas informais com a reportagem, eles admitem: o fato de Laudinei e Mateus conhecerem bem a região têm auxiliado bastante nas buscas e até mesmo na retirada dos corpos da lama. Até essa terça-feira, os dois haviam ajudado a encontrar cinco vítimas.
Trabalho
Apesar de tristes pelas perdas de amigos, os voluntários conseguem, vez ou outra, recuperar o clima leve em meio a tanta devastação. É o caso, por exemplo, de quando Laudinei conta como conseguiu deixar o trabalho de ajudante de linha férrea para ajudar os bombeiros nas buscas. “Tive a lesão do Neymar (risos). Só não vou ter o mesmo tratamento que ele”, brinca.
Laudinei fraturou o dedinho – ou quinto metatarso – do pé esquerdo e, por isso, conseguiu atestado médico válido por 15 dias. O craque do PSG e da Seleção Brasileira sofre com esse problema, mas no pé direito. Mesmo com a região enfaixada, o voluntário veste as botas durante todo o dia de buscas, que, para os dois, termina por volta das 19h. Depois da procura, mais 20 quilômetros percorridos a pé de volta para casa.
O abatimento fez com que Mateus pedisse liberação da empresa em que trabalha como mecânico para ajudar nas buscas. “Nem era para eu estar aqui, era para eu estar trabalhando, mas eu não tenho cabeça. Falei na empresa que tenho que estar na cidade para ajudar o pessoal”, disse.
As buscas
O resgate “oficial” ganhou novos capítulos nessa terça-feira. Desde o início da manhã do quinto dia de buscas, o Corpo de Bombeiros, com auxílio de helicópteros, retirou vítimas das regiões mais afetadas pela lama. Segundo o porta-voz da corporação, o tenente Pedro Aihara, a maioria dos corpos encontrados deve ser, provavelmente, de pessoas que estavam no refeitório da Vale no momento do rompimento da barragem.
Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, o restaurante foi arrastado pela lama por uma distância entre 800 metros e 1 quilômetro. A maioria das vítimas está nessa região, segundo a corporação. A Vale informou que cerca de 600 funcionários estavam no refeitório e no prédio administrativo quando a barragem se rompeu. As buscas na região onde está um ônibus também continuaram.
Em algumas regiões, a lama está mais seca. Segundo bombeiros ouvidos pelo Estado de Minas, isso facilita o deslocamento, mas, em alguns casos, pode dificultar a identificação de corpos. Auxiliadas por equipamentos militares israelenses, as equipes brasileiras também contam com um aspecto intuitivo nas buscas: o cheiro, que indica áreas onde podem ser encontradas vítimas.
A última parcial divulgada confirmava 84 mortes, com 42 vítimas identificadas. O número aumentou durante as buscas dessa terça. Havia também 276 pessoas desaparecidas.