Um grupo de acionistas da Vale pediu, na manhã desta quarta-feira (30), a abertura de um inquérito administrativo contra a empresa na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar a suposta omissão de informações sobre os riscos socioambientais dos seus empreendimentos. As denúncias foram encaminhadas em razão do rompimento da barragem em Brumadinho na última sexta-feira, que matou dezenas de pessoas e deixou, até o momento, centenas de desaparecidos.
Leia Mais
Vale começa a registrar moradores para repassar os R$ 100 mil por desastre em Brumadinho Desmonte de barragens da Vale envolve dois complexos mineráriosLama percorreu área equivalente a 290 campos de futebol até chegar ao Rio ParaopebaImagens aéreas detalham o rompimento da barragem da mina do Córrego do FeijãoDecisão da Vale de desativar minas no estado reduzirá arrecadação em cerca de R$ 300 milhões Defesa Civil cria pontos de segurança em caso de risco de rompimento de nova barragem em BrumadinhoMinistros visitarão Bolsonaro na quinta-feira para tratar de Brumadinho, diz MourãoDisque 100 registra 61 ligações relativas à tragédia de Brumadinho'Crime ambiental', classifica o coordenador de comitê de bacias hidrográficas em BrumadinhoPosse na ALMG na sexta terá protesto e cobrança por lei contra barragensCarreta atinge carros na Avenida Nossa Senhora do Carmo, em BH“O exemplo mais contundente desta gestão atrapalhada relaciona-se ao rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco, que é uma associação com a BHP Billiton. Há muitos indícios de que o episódio tenha ocorrido em virtude da negligência da empresa em monitorar as barragens e corrigir problemas identificados. Foi uma consequência de uma opção administrativa da Samarco em reduzir os custos de segurança, com o que a Vale jamais poderia concordar”, denunciam os acionistas.
Alertas ignorados
Os acionistas dizem que a Vale foi alertada dos riscos de ampliação da barragem de Brumadinho e ignorou. “Ao diminuir os gastos, principalmente em segurança e prevenção, está, na realidade, ampliando os riscos e os incidentes nas operações, o que acarreta processos judiciais por desrespeito às leis trabalhistas e por crimes ambientais”, argumentam na denúncia.
Os acionistas pedem à CMV uma investigação para comprovar se a Vale omitiu informações sobre riscos socioambientais nos empreendimentos no Pará, Maranhão e Minas, “manipulando artificialmente os preços de seus valores mobiliários”. Pedem que assim que verificada a situação, seja declarada a ilegalidade da conduta e sejam aplicadas multa e suspensão da autorização ou registro para o exercício das atividades.
A representação pede que sejam reconhecidos os indícios de crime de manipulação de mercado e que o resultado seja enviado ao Ministério Público Federal para as medidas legais cabíveis. .