A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) planeja encerrar a disposição de rejeitos na barragem Casa de Pedra, em Congonhas (MG), até o fim do ano. A desativação da barragem de mineração, apontada como uma das maiores do mundo localizada em área urbana, será feita gradualmente, após a entrada em vigor da segunda fase do projeto de processamento industrial, que permite a recuperação de parte do minério de ferro presente nos rejeitos.
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Segundo a empresa, o material não é tóxico. O que não diminui o medo que moradores e trabalhadores da área sob sua influência da mineradora têm de que uma tragédia ainda maior que as de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, na semana passada, se repita. Em 2017, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apontou o risco da barragem se romper, atingindo bairros residenciais.
Procurada, a empresa ainda não detalhou seus planos, o que promete fazer em breve.
Prefeitura
A prefeitura de Congonhas informou que, diante do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), na última sexta-feira (25), a Secretaria municipal de Meio Ambiente “passará a adotar ações mais enérgicas para avaliar a segurança e a estabilidade das barragens no município”.Em nota, a secretaria revelou que estuda encaminhar para aprovação da Câmara Municipal um projeto de lei prevendo a proibição de alteamento de barragens na área urbana do município e a exigência de que, junto com a declaração de estabilidade, as empresas encaminhem uma declaração de anuência do diretor e de seu presidente, sob pena de responsabilização nas esferas civis e criminais no caso de rompimento.
Risco
De acordo com a Secretaria municipal de Meio Ambiente, a barragem Casa de Pedra está classificada como Classe 6, a mais alta em categoria de risco e de potencial de danos associados. A pasta garante que, desde que foi criada, em 2017, vem monitorando a situação das barragens existentes no território municipal, e que, além de exigir da CSN a adoção de novas tecnologias de beneficiamento e disposição de rejeitos que não se utilizem de barragens, como o beneficiamento a seco, também elaborou um Plano Municipal de Gestão de Barragens, pioneiro no Brasil, e determinou às empresas, em novembro de 2018, o cumprimento de diversas medidas complementares às exigências legais.
Atingidos por barragens
Esta manhã (31), representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se reuniram com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela defendeu soluções extrajudiciais para reparar danos às vítimas de Brumadinho. Após o término da reunião, o coordenador do MAB, Joceli Andreoli, defendeu a aprovação de uma lei federal que proíba o alteamento de barragens pelo me%u0301todo de montante – construc%u0327a%u0303o de novas etapas da barragem na parte interna do reservato%u0301rio, sobre os rejeitos ja%u0301 depositados.
“Há várias outras barragens construídas de montante, a exemplo da barragem de Congonhas, onde a população não dorme há dias, preocupada com sinais de insegurança da construção. Ou de Paracatu, cujos rejeitos são mil vezes mais contaminantes, com vários metais pesados, e que pode chegar em toda a bacia do Rio São Francisco, prejudicando milhões de seres humanos e a natureza”, denunciou Andreoli.
Congonhas
O diretor da União de Associações Comunitárias de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza Pinto Filho, reclamou que a CSN não tem agido com transparência, sonegando informações sobre os planos para a barragem.
“O descomissionamento de uma barragem nem sempre significa tratar os rejeitos. Oficialmente, não sabemos quais os planos da empresa para a barragem. Se você tem uma caixa d´água e para de colocar água, mas mantém ela cheia com o que já tinha armazenado, você precisa cuidar da estrutura, monitorar possíveis vazamentos, reparar rachaduras, pois a ameaça continua existindo”, disse.
Pinto Filhos disse ainda que “se a empresa decide tratar os rejeitos armazenados, é, grosso modo, como demolir uma casa.
Ele disse que a população de Congonhas aguarda por informações da CSN..