Um riacho delicado de água cristalina, onde era possível pescar piabas e nadar numa pequena cachoeira de 4 metros de altura. No entorno, remanescentes de mata atlântica.
As fotos - Veja galeria ao fim da matéria - do que era o Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, não lembram em absolutamente nada o lamaçal com mais de oito metros de profundidade em que a região se transformou. Tudo foi destruído no dia 25, depois do rompimento da Barragem da Vale.
Leia Mais
'Brumadim', onde todos perderam algoFamiliares de desaparecidos em Brumadinho mostram últimas mensagens enviadas por eles Imagens do Rio Paraopeba revelam contraste entre as áreas limpas e contaminadasComo era o Córrego do FeijãoIbama encontra dois corpos durante inspeção de fauna no Rio Paraopeba"Era tudo planta. A gente nadava no corguinho, pegava piava. Criei minha quatro filhas aqui. No último domingo, antes da tragédia, fui lá com meu neto", conta. Um pequeno bananal, com estradinha íngreme e árvores frutíferas já não existem mais.
Mário Lúcio já emagreceu quatro quilos desde o dia 25, dorme a base de remédios e perdeu as contas de quantos amigos morreram.
A casa dele, no limite da área de interdição, foi o primeiro ponto de apoio para a busca de sobreviventes. No quintal, encontraram cinco corpos.
A tranquilidade que veio buscar na vida no interior já não existe mais. "No dia que a outra barragem estava ameaçada, tiveram uns aproveitadores que tentaram assaltar a minha casa", conta. Agora, há policiamento 24h na residência. Muitos curiosos continuam a rondar o imóvel.
A esposa dele, Sandra, de 59 anos, está a com o neto e a mãe em casa e escutou um barulho ensurdecedor. Na mesma hora, foi acolher vizinhos que tiveram as casas soterradas. Um deles, seu Manoel, morreu.
Mário Lúcio nunca se preocupou com a barragem até oito meses atrás, quando funcionários da Vale vieram fazer medições de topografia e altimetria, além do cadastro sócio-econômico da família. Também tiraram fotos da casa.
"Foi quando instalaram a sirene aqui perto, que, inclusive, não tocou na hora do rompimento", diz.
As fotos foram tiradas no fim de semana anterior ao desastre e são da região do Parque da Cachoeira, na zona rural de Brumadinho..