Jornal Estado de Minas

Autoridades fazem novo alerta contra golpes envolvendo a tragédia de Brumadinho



Brumadinho
 – Uma grande rede de solidariedade tomou conta do país após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pessoas de diversos pontos do Brasil se uniram para levar conforto e ajudar familiares de vítimas da tragédia. Mas, em meio a tudo isso, há quem aproveite da dor e do momento frágil dos moradores para aplicar golpes. Grande parte deles é para tentar receber a indenização de R$ 100 mil prometida pela Vale aos parentes de moradores e de funcionários mortos ou desaparecidos. Autoridades reforçaram o alerta contra os estelionatários. Um deles foi preso no fim de semana depois que tentou incluir o nome de uma pessoa desaparecida de forma fraudulenta.

O caso foi registrado no último sábado. O homem foi até a Academia de Polícia Civil (Acadepol) onde as famílias dos desaparecidos estão sendo recebidas para cadastramento e coleta de materiais genéticos que ajudem na identificação. De acordo com o boletim de ocorrência, o golpista afirmou que a mulher e a filha dele estariam na pousada quando o mar de lama desceu da barragem.

Porém, ao ser questionado pelos policiais, acabou entrando em contradição.
Os agentes perguntaram sobre o telefone usado pela esposa e o homem apresentou uma versão inconsistente, o que levantou a suspeita de estelionato. Ele acabou confessando o crime. O estelionatário estava com documentos falsos, como certidões de nascimento, e cartões de crédito com nome da mulher que ele afirmou ser sua esposa. “A Polícia Civil efetuou a prisão em flagrante por tentativa de estelionato, sendo o procedimento realizado na Deplan III. Em seguida, foi encaminhado ao Sistema Prisional”, afirmou a corporação, por meio de nota.

Essa não foi a primeira prisão de estelionatários que tentam se aproveitar da tragédia. Na última sexta-feira, um homem, de aproximadamente 30 anos, foi preso após se identificar como policial federal e pedir doações de celulares para as vítimas. Ele teria aplicado o golpe nos shoppings populares Xavantes e Oiapoque, no Hipercentro de Belo Horizonte.

De acordo com a Polícia Militar (PM), o homem começou a pedir as doações no shopping Xavantes.
Lá, ele dizia que ajudava as vítimas em Brumadinho e que teria vindo à capital para buscar doações de celulares 4K – com alta resolução de câmera. O homem estava vestido com uma blusa preta da Polícia Federal com uma camisa xadrez por cima. Algumas pessoas para as quais o suspeito pediu as doações estranharam conversa do homem e acionaram a PM. Ao saber que os agentes estavam a caminho, ele fugiu para o shopping Oiapoque, onde tentou aplicar o mesmo golpe. Ele acabou detido por militares e confessou o crime.

Os familiares das vítimas estão também sendo alvos dos estelionatários. Por causa dos casos em que parentes de desaparecidos estão sendo abordados, a PM colocou um banner na Estação do Conhecimento, em Brumadinho, onde as pessoas fazem o cadastro para receber os R$ 100 mil oferecidos como compensação, dizendo que não pede nenhum dado bancário.

A corporação informou que o serviço de inteligência está trabalhando na identificação dos suspeitos e as situações de golpistas estão virando inquéritos. “Não confiem nas pessoas que se apresentam como autoridade ou voluntário. Busquem sempre a forma oficial, a Defesa Civil, para evitar que os estelionatários se aproveitem deste momento”, disse o major Flávio Santiago, porta-voz da PM.

SAQUES Para evitar os saques nas casas abandonadas por causa do mar de lama da barragem, a PM reforçou o efetivo na cidade.
Atualmente, são 950 policiais. Eles fazem patrulhamento em 16 pontos da área rural e no perímetro urbano. Durante as operações, um casal foi preso no Bairro Parque da Cachoeira quando tentavam furtar pertences de um imóvel. Outras duas pessoas conseguiram fugiram. No local, três motos foram apreendidas, uma delas era roubada.

Prisões também estão sendo feitas por pessoas que desrespeitam o perímetro de buscas. Nesta segunda-feira, um operador de drone foi detido na área onde a barragem da Vale se rompeu. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. Segundo a corporação, o freelancer, contratado por um veículo de imprensa internacional, entrou na zona quente, considerada uma área de risco, para fazer as imagens. Os equipamentos prejudicam o trabalho dos militares, que atuam com helicópteros no local.

“As equipes que trabalham em Brumadinho contam com um equipamento que consegue detectar os drones e os seus operadores em toda a região do rompimento da barragem e adjacências”, informou o Corpo de Bombeiros. Os operadores e drones detidos nessas circunstâncias são entregues às autoridades aeronáuticas para ser autuados..