Esse foi um dos pontos abordados pela Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, que informou ter apresentado ao Conselho de Administração e ao Conselho Fiscal da mineradora pedido de “imediata destituição da Diretoria Executiva” e a convocação de assembleia geral extraordinária. O movimento denuncia que ainda há pessoas sem resposta à perda de suas casas, 12 dias depois do rompimento da barragem. “Elas permanecem em situação de improviso”, disse o advogado Danilo Chammas, um dos representantes do grupo.
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Mauro diz que está feliz por não ter perdido nada além dos bens materiais e diz saber que a espera por uma indenização pelas perdas pode demorar anos. “Esses R$ 50 mil que prometeram pode até ser que saia rápido, mas a indenização pelo que eu perdi, eu sei que vai demorar e sei que não vão querer me pagar o valor que meu terreno valia, que era R$ 350 mil. Agora, ele não vale nada”, lamenta.
Além da doação de R$ 100 mil para familiares de vítimas mortas ou desaparecidas, a Vale anunciou doações para pessoas afetadas indiretamente: R$ 50 mil para famílias que moravam na zona de autossalvamento, anteriormente reconhecida pela empresa em seu plano de emergência, e R$ 15 mil para quem não morava nessa região, mas desenvolvia alguma atividade rural ou comercial previamente cadastrada. Entretanto, causa preocupação no movimento internacional dos atingidos o fato de haver necessidade de cadastramento prévio. “O cadastramento prévio é desconhecido da sociedade em geral e é critério para a efetivação dessa doação”, completou o advogado, Danilo Chammas
RACHADURAS E CORPOS A dona de casa Marlene Gonçalves Ferreira, de 56 anos, mora há 18 no Córrego do Feijão, na zona rural de Brumadinho, e também é uma das vítimas indiretas do desastre. O ritmo de pousos e decolagens levando e trazendo bombeiros, intenso no gramado da igrejinha, fez com que parte do seu telhado se quebrasse. “A lama não chegou, mas atingiu, sim, minha moradia.
Até a semanada passada, a lavagem dos corpos resgatados era feita na divisão entre o terreno de Marlene Ferreira e a igrejinha. “A água que estava sendo usada da para lavar os corpos das vítimas caiu direto na minha horta. Os bombeiros disseram que não posso mais colher”, lamentou. Na propriedade, uma plantação extensa de salsinha, couve, tomate, jiló, orégano, ora-pro-nóbis e morango está perdida. “É meu sustento”, completou.
Marlene é um dos “invisíveis”, que não devem ser contemplados por nenhuma das duas doações previstas pela Vale, mas seus danos são irreparáveis: “Estamos desamparados. E, todo dia, eu tenho crise de choro com o movimento dos helicópteros. Não consigo dormir e, qualquer tipo de ruído já acordo com medo da barragem de água ter estourado”, contou.
Questionada pela situação, a Vale informou que o atendimento psicossocial para a comunidade atingida segue o planejamento desenvolvido pelo Comitê de Operações de Emergência em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde..