A Polícia Federal (PF) analisa e-mails trocados entre a Vale e duas empresas ligadas à segurança da Barragem de Brumadinho, que se rompeu em 25 de janeiro. Os documentos mostram que dois dias antes do rompimento, a mineradora tinha sido informada dos problemas em dados de de sensores que faziam o monitoramento da estrutura.
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Em 24 de janeiro, foram trocadas novas mensagens respondidas por Anderson Fernandes, outro funcionário da Vale. O assunto do e-mail era a discrepância de dados dos piezômetros, que fazem o monitoramento da barragem e são automatizados. Eles apresentaram falhas em 10 de janeiro. Outro ponto questionado nas mensagens é o não funcionamento de cinco aparelhos.
Segundo o depoimento, o engenheiro Makoto Namba chegou a ser questionado pelo delegado da PF sobre o que faria se o filho dele estivesse trabalhando na barragem. Ele respondeu que após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para o filho e diria para ele sair do local.
Além disso, o engenheiro afirmou, no depoimento, que em reunião com Alexandre Campanha, funcionário da Vale, ouviu a pergunta: “A Tüv Süd vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”. Makoto Namba informou que, diante do questionamento, respondeu que iria assinar se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018. Disse, ainda, na oitiva, que apesar da resposta, sentiu que a pergunta foi uma maneira de pressionar a empresa a assinar a declaração de condição de estabilidade.
Por meio de nota, a Vale informou que está colaborando com as investigações. “Como maior interessada no esclarecimento das causas desse rompimento, além de materiais apreendidos, a Vale entregou voluntariamente documentos e e-mails, no segundo dia útil após o evento, para procuradores da República e delegado da Polícia Federal. A companhia se absterá de fazer comentários sobre particularidades das investigações de forma a preservar a apuração dos fatos pelas autoridades”, disse.
Já a TÜV SÜD informou, também por meio de nota, que os dois funcionários que foram temporariamente detidos pelas autoridades brasileiras foram libertados. “Por conta das investigações em andamento pelas autoridades do Brasil, com as quais estamos contribuindo, a TÜV SÜD não está atualmente em posição de fornecer quaisquer informações adicionais”, afirmou.
Procurada, a Polícia Civil de Minas Gerais, responsável por abrir um inquérito para investigar o desastre, disse que as conversas apuradas pela Polícia Federal (PF) serão agregadas aos trabalhos conduzidos pela corporação. O em.com.br entrou em contato com a PF, mas as ligações não foram atendidas.
Números da tragédia
Subiu para 150 o número de mortos no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As informações sobre as buscas foram atualizadas em entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira. Dos 150 corpos resgatados, 134 foram identificados. Outras 182 pessoas continuam desaparecidas.
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