Jornal Estado de Minas

Força-tarefa gasta R$ 1 milhão por dia para manter operação em Brumadinho

 

Brumadinho
– A destruição ambiental e a devastação de mais de 300 famílias que perderam familiares ou ainda têm parentes desaparecidos pela onda de lama da barragem da Vale em Córrego do Feijão, distrito de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ganham a companhia de um prejuízo financeiro que começa a ser levantado nas contas públicas. O tamanho da tragédia obrigou o governo de Minas a montar uma operação diretamente proporcional ao tsunami de lama e seus efeitos –  até agora foram resgatados 150 corpos e 182 pessoas estavam desaparecidas – com gastos que somavam R$ 13,448 milhões ontem, com média de R$ 1 milhão por dia. As despesas já ultrapassam os R$ 13 milhões liberados pelo Tribunal de Justiça também ontem para que a mineradora faça o ressarcimento aos cofres públicos.


A liberação desses recursos foi a única condição aceita pela Vale durante reunião ontem na 6ª Vara de Fazenda Estadual, em Belo Horizonte, com representantes da Justiça para assinatura de um Termo de Ajuste Preliminar (TAP). A soma, segundo o promotor André Sperling, faz parte do montante de R$ 1 bilhão que a Advocacia-Geral do Estado (AGE) bloqueou da empresa um dia depois da tragédia.

Segundo a assessoria de imprensa do governador Romeu Zema (Novo), os gastos do estado na operação em Brumadinho incluem despesas com recursos humanos, abastecimento de aeronaves, viaturas, caminhões, ônibus, horas trabalhadas dos profissionais, uniformes, equipamentos, entre outros. “O governo de Minas trabalha para que os recursos da empresa Vale, bloqueados pela Justiça, sejam utilizados para ressarcir os cofres do estado, que enfrenta uma grave crise financeira”, informou a assessoria de Romeu Zema, por meio de nota, antes da decisão do Tribunal de Justiça, tomada após a reunião.

Para se ter uma ideia do tamanho da estrutura empregada, na parte de busca dos desaparecidos – 182 conforme atualização feita ontem pelas autoridades –, 428 pessoas estão diretamente envolvidas na vistoria da lama. São 227 bombeiros militares de Minas Gerais, 110 bombeiros de outros estados, 64 homens e mulheres da Força Nacional e 27 voluntários. As equipes se espalham por 40 pontos, com apoio de 15 escavadeiras convencionais, uma  de braço longo, três anfíbias, quatro pás carregadeiras e dois caminhões.

Um dos custos de maior destaque da operação envolve os 12 helicópteros, que atuam o tempo todo na varredura da lama e também no transporte de corpos.
Ainda estão sendo usados 12 cães farejadores para tentar encontrar corpos ou restos mortais em meio ao rejeito de minério que pavimentou o caminho até o Rio Paraopeba.

A mobilização de policiais militares também é outro item que aumenta o custo da operação, já que quase 1 mil policiais foram designados para a operação de fiscalização nas áreas urbanas e rurais de Brumadinho, além do trabalho de bloqueio de pontos estratégicos e de acesso proibido. “Estamos com várias operações e diversos pontos de bloqueio. Vamos manter essa frente aqui exatamente para garantir que o evento continue transcorrendo com tranquilidade. Não temos registros de saques e também a proteção da área quente para os bombeiros continuarem fazendo o trabalho”, pontua o major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar. Ainda segundo ele, é um esforço grande, mas importante, pois o comandante-geral da corporação determinou a manutenção da sensação de segurança. “Uma sociedade que foi tão abalada pelo desastre tendo a possibilidade de conviver com o número majorado de policiais na proteção do patrimônio público, sobretudo aqueles que saíram”, afirma o major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar.

Até o momento, a força-tarefa que está focada no trabalho de buscas conseguiu retirar 150 corpos da lama, dos quais 134 já identificados pela Polícia Civil por meio do Instituto Médico-Legal (IML) da Polícia Civil. Porém, outras 182 pessoas seguem desaparecidas embaixo do mar de lama que mudou a paisagem da região e atingiu, em sua maioria, funcionários que eram diretamente fichados pela Vale ou por empresas que prestavam serviço à mineradora.
Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec/MG), 103 pessoas ficaram desabrigadas após a passagem da onda de lama, destruindo casas e acessos entre a barragem e o Rio Paraopeba.

Por meio de nota, a Vale disse que “arcará com o ressarcimento de todos os custos que forem devidos em relação à atuação dos órgãos públicos que estão presentes desde o início no resgate e atendimento dos atingidos”.

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