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Estado de Minas

Pro­ble­ma em barragem de Brumadinho es­ta­va na dre­na­gem, diz es­pe­ci­a­lis­ta

As ob­ser­va­çõ­es fei­tas pe­lo pro­fis­si­o­nal se ba­sei­am em re­gis­tros fo­to­grá­fi­cos fei­tos des­de que a bar­ra­gem foi de­sa­ti­va­da, em 2015


postado em 08/02/2019 06:00 / atualizado em 08/02/2019 09:39



A li­nha de in­ves­ti­ga­ção da Po­lí­cia Fe­de­ral (PF) pa­ra des­co­brir as cau­sas da tra­gé­dia em Bru­ma­di­nho, que dá ên­fa­se ao fa­to de que ha­ve­ria, du­ran­te mui­to tem­po, água na par­te de ci­ma da bar­ra­gem que se rom­peu há 14 di­as, e que es­ta te­ria se in­fil­tra­do no re­jei­to, con­tri­bu­in­do pa­ra o rom­pi­men­to, tem res­pal­do em ob­ser­va­çõ­es fei­ta por pro­fis­si­o­nais da área de mineração. O en­ge­nhei­ro me­câ­ni­co e pro­je­tis­ta de bar­ra­gens de mi­ne­ra­ção Evan­dro Pe­rei­ra de Oli­vei­ra, de 54 anos, re­for­ça a te­se da PF e acre­di­ta que es­sa foi a cau­sa prin­ci­pal do desastre.

As ob­ser­va­çõ­es fei­tas pe­lo pro­fis­si­o­nal se ba­sei­am em re­gis­tros fo­to­grá­fi­cos fei­tos des­de que a bar­ra­gem foi de­sa­ti­va­da, em 2015. “Fi­quei im­pres­si­o­na­do com a quan­ti­da­de de água que ha­via na bar­ra­gem, já que tra­ta­va-se de um pe­rí­o­do em que já es­ta­va desativada. Além dis­so, ha­via mui­ta ve­ge­ta­ção cres­cen­do no platô. Não po­de­ria ha­ver tan­ta água acu­mu­la­da ali”, avalia.

O en­ge­nhei­ro afir­ma ter per­ce­bi­do, tam­bém por ima­gem aé­rea, um su­mi­dou­ro de água no al­to da represa. “Is­so sig­ni­fi­ca que o pla­tô es­ta­va re­ce­ben­do a dre­na­gem plu­vi­al da ma­ta a mon­tan­te (aci­ma do re­ser­va­tó­rio), ou se­ja, não ha­via dre­na­gem re­ti­ran­do es­sas águas de mon­tan­te da barragem. Ou, se ha­via, es­ta­va com pro­ble­ma, co­mo um bloqueio. A bar­ra­gem es­ta­va re­ce­ben­do es­sa car­ga d’água, e por is­so fi­cou en­char­ca­da e fluida. Es­sa car­ga lí­qui­da au­men­tou com as chu­vas do fim de ano e li­que­fez o re­jei­to ali de­po­si­ta­do”, ava­lia o especialista.

Foto aérea do Corpo de Bombeiros mostra área onde a barragem da Vale se rompeu(foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Foto aérea do Corpo de Bombeiros mostra área onde a barragem da Vale se rompeu (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)


Se hou­ves­se um es­co­a­men­to fun­ci­o­nan­do inin­ter­rup­ta­men­te, se­gun­do o en­ge­nhei­ro, a umi­da­de na­tu­ral do ter­re­no te­ria se man­ti­do e não ha­ve­ria encharcamento. Mas nes­se ca­so, pa­ra ele, co­mo a água es­ta­va ver­ten­do pa­ra den­tro da bar­ra­gem, hou­ve infiltração. “O mais gra­ve é que, quan­do a gen­te ve­ri­fi­ca as fo­tos de 2009, ali exis­ti­am ca­nais de es­co­a­men­to, mas de­pois eles so­mem nas imagens. A par­tir de 2015, quan­do sua ope­ra­ção pa­rou, não se ve­em mais tais canais.”

Um ou­tro de­ta­lhe, se­gun­do ele, ser­ve de si­nal de que ha­via en­char­ca­men­to na bar­ra­gem: o cres­ci­men­to de vegetação. “Hou­ve uma re­com­po­si­ção da vegetação. Não foi plantio. A gen­te per­ce­be is­so quan­do ve­ri­fi­ca as fo­tos a par­tir de 2015. Es­sa é a mai­or prova. Se não há ir­ri­ga­ção em um ter­re­no, se ele não es­tá en­char­ca­do, a ve­ge­ta­ção não cres­ce, não se recupera.”

Ver galeria . 22 Fotos Novas fotos aéreas mostram situação na região atingida pelos rejeitos da barragem da Vale em Brumadinho, na Grande BH, na segunda semana após o desastreCorpo de Bombeiros/Divulgação
Novas fotos aéreas mostram situação na região atingida pelos rejeitos da barragem da Vale em Brumadinho, na Grande BH, na segunda semana após o desastre (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação )


‘DEN­TRO DA NOR­MA’
Ques­ti­o­na­da so­bre as ob­ser­va­çõ­es a res­pei­to da apa­ren­te in­fil­tra­ção de água na bar­ra­gem que se rom­peu, a Va­le sus­ten­ta que tu­do es­ta­va den­tro das nor­mas de segurança. Se­gun­do a com­pa­nhia, a pre­sen­ça de du­tos pa­ra dre­na­gem é me­di­da pa­drão pa­ra ga­ran­tir a se­gu­ran­ça de bar­ra­gens, sen­do “pro­ce­di­men­to ro­ti­nei­ro, uti­li­za­do mun­di­al­men­te”. “No ca­so es­pe­cí­fi­co da Bar­ra­gem 1, além dos já exis­ten­tes, fo­ram ins­ta­la­dos, em 2018, dre­nos adi­ci­o­nais, co­mo me­di­da com­ple­men­tar, an­tes do iní­cio do pro­ces­so de descomissionamento. Ca­be lem­brar que se tra­ta­vam de me­di­das pre­ven­ti­vas, da­do que os lau­dos téc­ni­cos in­di­ca­vam a to­tal es­ta­bi­li­da­de da es­tru­tu­ra”, in­for­mou a em­pre­sa, em nota.

So­bre o acu­mu­lo de água, um su­mi­dou­ro lí­qui­do no pla­tô, jun­to à ma­ta vis­to em fo­tos aé­re­as de 2015, 2016, 2017, 2018, a com­pa­nhia in­for­ma ape­nas que “is­so sig­ni­fi­ca que o pla­tô es­ta­va re­ce­ben­do dre­na­gem plu­vi­al da ma­ta a mon­tan­te”, exa­ta­men­te co­mo ob­ser­vou o especialista.


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