O chefe da Defesa Civil nacional, coronel Alexandre Lucas, visitou neste domingo em Brumadinho, o centro de operações do resgate às vítimas do desastre com a barragem do Córrego do Feijão, para avaliar quais as frentes que precisam de recursos federais e as que podem ser desmobilizadas. “Importante é gerir bem os recursos. Toda essa permanência gera despesa. No início, é importante que os recursos venham para que todos os objetivos sejam atingidos. Na medida que forem concretizados, tem que ir desmobilizando recursos. Isso é gestão, é preciso ter cuidado com gestão do dinheiro público. Tínhamos cinco aeronaves do Ministério da Defesa, já diminuímos para duas, e vim avaliar se pode liberar mais uma. Além da gestão do desastre, não podemos nunca deixar de preocupar com a gestão do dinheiro público", disse.
Até o momento, nenhum recurso foi solicitado à DC nacional, confirmou o chefe da instituição. “A solicitação de recursos à Defesa Civil vem através de um sistema informatizado onde são preenchidos planos de trabalho, mas até o momento a Vale vem bancando toda a operação”. Sobre outros órgãos federais que vêm recolhendo doações, como a Caixa Econômica Federal que pede ajuda aos correntistas, ele disse que esses recursos não passam pela Defesa Civil e são geridos pela própria CEF.
A Defesa Civil nacional mantém uma equipe permanente do posto de operação das agências federais que incluem Ministério da Defesa, dos Direitos Humanos, Saúde, Assistência Social, entre outros, captando as demandas institucionais dos órgãos do estado e do município e repassando para o governo federal.
Alexandre Lucas disse que em seus quinze anos à frente da Defesa Civil de Minas, a tragédia de Brumadinho contabilizou o quinto rompimento de barragem durante sua gestão e foi o mais organizado sob ponto de vista da resposta. “Organizou-se o caos inicial de forma rápida, o estado atuou de forma competente e organizada, o Corpo de Bombeiros mobilizou os recursos rapidamente, organizou a operação e trabalhou de maneira coordenada com a Polícia Militar e Civil, os governos federal e municipal. Todo o sistema de defesa civil tem trabalhado de forma organizada. Estamos conseguindo no país implantar uma metodologia de gestão de desastre de forma competente, até porque as pessoas precisam ser acolhidas e socorridas de forma rápida.”
O coronel comparou o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, com a do Córrego do Feijão: “Mariana foi um desastre que impactou muito pela extensão com muitas pessoas afetadas, mas o que choca em Brumadinho é número de vítimas fatais que poderiam ser evitadas, levando à reflexão sobre questões como ética de gestão nas empresas, da preparação, da fiscalização.”
Lucas disse que a ordem do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, é acompanhar a recuperação em todos os aspectos relacionados ao desastre, de forma ininterrupta. “Não podemos é deixar de aprender com o desastre, aprimorando os processos de prevenção e mitigação de risco não só em barragens mas em todos os aspectos.” Ele defendeu a criação de um sistema nacional de defesa civil com a participação de instituições e agências federais, estaduais e municipais.