Brumadinho – As noites não são mais as mesmas. O filme da onda de rejeitos descendo da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, passa a todo momento na memória de moradores que vivem na comunidade de mesmo nome, vizinha ao empreendimento da Vale. Depois que a lama que estava no reservatório, distante 2,5 quilômetros das primeiras casas, varreu parte do distrito, o medo persiste por causa de outra atividade minerária nas proximidades. Famílias temem que um novo desastre aconteça, na área da Mineração Ibirité Ltda. (MIB), vizinha a Vale, que fica a pouco mais de um quilômetro do povoado. A atividade no local foi suspensa na última semana pela Justiça. Porém, ontem a equipe do Estado de Minas flagrou máquinas pesadas trabalhando pelos terrenos, em um movimento que preocupa a comunidade.
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A equipe do Estado de Minas esteve, na manhã de ontem, na região onde o empreendimento está instalado e pôde observar grande movimentação de caminhões e tratores. Máquinas faziam a retirada de terra em um terreno e a colocavam nos veículos de carga.
O gerente de produção Alcimar José de Oliveira, de 39, acompanhou a evolução da empresa na região. Ele tem uma criação de suínos perto do empreendimento da MIB, e é um dos que temem uma nova catástrofe. O produtor sustenta que a mineradora estaria promovendo atividades diferentes daquela para a qual é licenciada e se preocupa com material armazenado em barragens. “Quem vai garantir que não vão se romper?”, questionou.
O medo aumenta pelo fato de que nem mesmo a gigante da mineração Vale foi capaz de impedir o desastre na Mina do Córrego do Feijão, enquanto a MIB é uma companhia comparativamente modesta.
SEM SONO A apreensão se estende a outros vizinhos. “A gente nem dorme”, contou o motorista Eustáquio de Souza, de 54. “Não quero ficar aqui de jeito nenhum. Se achar comprador, vou embora. Não tem sirene nem nada. Não fizeram nenhum tipo de treinamento com a gente”, reclamou.
O sentimento é compartilhado por Joice Rodrigues Paiva. “Fico com medo.
Antes da publicação desta matéria, o Estado de Minas tentou contato com a Mineração Ibirité Ltda. (MIB) por telefone, e-mail e até pessoalmente no empreendimento, porém, não localizou representantes que pudessem falar pela companhia.
Após a publicação, por volta das 14h desta terça-feira, a MIB enviou uma nota ao EM afirmando que mantém as atividades de exploração minerária paralisadas, conforme decisão judicial. “A empresa realiza serviços de manutenção regular dos acessos, das estruturas e drenagens. Todas as ações visam garantir as condições de segurança do local, de acordo com o que foi determinado pela Justiça”, completa o pronunciamento.
Em nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semad) informou que “os fatos denunciados foram recebidos e cadastrados”. “Faremos apuração documental e agendaremos uma fiscalização para verificação in loco.