Precisou que morressem 166 pessoas para que o meio político finalmente se mobilizasse para investigar os riscos das barragens de rejeitos de mineração no Brasil. No embalo da tragédia envolvendo a Barragem Mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, Câmara e Senado já criaram comissões parlamentar de inquérito (CPIs) para apurar as causas do maior desastre socioambiental na história do Brasil. Na Assembleia Legislativa, grupo semelhante será criado nos próximos dias.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) oficializou ontem a criação da CPI de Brumadinho para apurar a tragédia e foi lida no plenário da Casa durante a sessão da tarde, quando então foi aberto o prazo para que os líderes façam a indicação de nomes para o grupo, que deverá funcionar durante 120 dias. O pedido para abertura foi apresentado pela deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) e recebeu 194 assinaturas.
No Senado, os partidos ainda estão definindo a indicação dos nomes que vão integrar a comissão de inquérito que investigará o desastre. Ao deixar a reunião de líderes na tarde de ontem, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) informou que o colegiado vai ser instalado, no mais tardar, na próxima semana. A leitura do requerimento da CPI na Casa foi feita na terça-feira pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM).
UNIÃO Na Assembleia Legislativa, a abertura de uma CPI depende de análise da Mesa Diretora, mas é certo que o grupo será criado nos próximos dias. O requerimento apresentado pelo deputado Sargento Rodrigues (PTB) já tem mais de 70 assinaturas de parlamentares – número bem superior às 26 necessárias para a instalação de uma comissão.
Outro pedido foi protocolado pela deputada Beatriz Cerqueira (PT), que defendeu a união entre os parlamentares para apurar o rompimento da barragem da Vale. A deputada apresentou também à Mesa pedidos de informação para a mineradora sobre a Mina Córrego do Feijão.
A proposta é que a CPI não se limite ao caso de Brumadinho, incluindo na pauta o desastre ocorrido com o rompimento da Barragem do Fundão, da Samarco, em Mariana, ocorrida em novembro de 2015 e que resultou na morte de 19 pessoas e representou o maior desastre ambiental no país. Para a abertura da CPI é necessária a autorização do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), que já sinalizou positivamente para o grupo.