O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) requereu na manhã desta sexta-feira a prisão temporária de oito funcionários responsabilizados pela tragédia em Brumadinho, em 25 de janeiro. São pessoas que tinham o "pleno conhecimento de sua precária situação de segurança" e tinham o "dever de adotar providências para a estabilização da estrutura ou a evacuação da área de risco."Até o momento, foram confirmadas 166 mortes em Brumadinho após o rompimento da barragem da Vale em 25 de janeiro.
As oito prisões são temporárias, pelo prazo de 30 dias, considerando “fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerado hediondo”, segundo a nota do MPMG divulgada nesta manhã.
'Tinham conhecimento da situação precária da barragem', diz juiz sobre funcionários da Vale presos
Veja abaixo quem são e suas atribuições, segundo a decisão divulgada pelo MPMG:
Joaquim Pedro de Toledo
gerente-executivo de geotecnia operacional da Vale
Gerenciava a equipe responsável pelo monitoramento e manutenção da barragem I do Complexo Minerário Mina Córrego do Feijão. Ele foi mencionado por vários dos investigados, que disseram que ocupava posição de destaque dentro das atividades da Vale, em especial as referentes à segurança e estabilidade da barragem I da Mina Córrego do Feijão. Qualquer anomalia na estrutura da barragem era comunicada a ele por seus subordinados, responsável por adotar providências para que o problema fosse sanado. Informação foi confirmada pelos depoimentos.
Renzo Albieri Guimaraes Carvalho
integra a gerência de geotecnia da Vale
É um dos responsáveis pelo monitoramento e manutenção da barragem I do Complexo Minerário Mina Córrego do Feijão, exercendo posição de destaque no que concerne aos trabalhos de geotecnia da referida mina. Renzo era subordinado a Joaquim e tinha a obrigação de lhe repassar as informações mais relevantes sobre a barragem, entre as quais a situação de criticidade nela verificada, que era de seu conhecimento.
Cristina Heloiza da Silva Malheiros
integra a gerência de geotecnia da Vale
Ela é uma das responsáveis pelo monitoramento in loco e manutenção da barragem 1 do Complexo Minerário Mina Córrego do Feijão.
Artur Bastos Ribeiro
integrante da gerência de geotecnia da Vale
Uma das responsáveis pelo monitoramento e manutenção da barragem I do Complexo Minerário Mina Córrego do Feijão. Ele participou ativamente de conversa mantida entre funcionários da Vale SA e da Tuv Sud nos dias 23 e 24 de janeiro de 2019, as quais explicitam a situação de anormalidade das medições realizadas pelos piezômetros - aparelhos que auferem a pressão da água - da barragem I do Córrego do Feijão.
Alexandre de Paula Campanha
gerente-executivo de geotecnia corporativa da Vale
Canaliza informações sensíveis sobre as questões de geotecnia, entre elas a estabilidade de barragens. É o responsável pela regularidade formal das estruturas a partir do controle de revisões periódicas e auditorias técnicas de segurança. Foi o investigado mencionado em vários depoimentos, em que era apontado por assinar a declaração de condição de estabilidade da barragem, sob risco de perderem o contrato.
Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo
integra o setor de gestão de riscos geométricos da Vale
Ela participava do gerenciamento de dados corporativos que denotaram, inclusive, a criticidade da situação da barragem B1. Ela é apontada como uma das interlocutoras com a empresa Tuv Sud - responsável pela elaboração do relatório de auditoria técnica de segurança da barragem I - datado de setembro de 2018 (que atestou a estabilidade da estrutura).
Marilene foi citada em várias oportunidades na troca de mensagens mantidas entre funcionários da empresa Tuv Sud, em maio de 2018, as quais denotam sua condição de destaque frente às conclusões alcançadas junto ao trabalho de auditoria externa.
Hélio Márcio Lopes da Cerqueira
integrante do setor de gestão de riscos geotécnicos da Vale
Ele participava do gerenciamento de dados corporativos que denotaram, inclusive, a criticidade da situação da barragem. Ele participou ativamente de conversa telemática mantida entre funcionários da Vale e da Tuv Sud nos dias 23 e 24 de janeiro de 2019, tratando da situação de anormalidade das medições realizadas pelos piezômetros da referida barragem.
Felipe Figueiredo Rocha
integrante do setor de gestão de riscos geotécnicos da Vale
Ele participava do gerenciamento de dados corporativos que denotaram, inclusive, a criticidade da situação da barragem B1. Ele foi responsável por apresentação interna dirigida à Vale, em que apontou a situação de risco das barragens inseridas em zona de atenção pela própria empresa. Foi "expressamente" mencionado nos e-mails trocados pelos funcionários da empresa Tuv Sud, em maio de 2018, como o coordenador que soube da "possibilidade da Barragem I não passar."
Posicionamento da Vale
"Referente aos mandados cumpridos nesta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades", informou a mineradora por meio de nota enviada ao em.com.br às 13h23 desta sexta. "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas."