A operação do Ministério Público desta sexta-feira, que resultou na prisão temporária de oito funcionários envolvidos na tragédia em Brumadinho, também cumpriu 14 mandados de busca e apreensão na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Desses, nove foram desempenhados na Grande BH, contra oito funcionários da Vale e outro da empresa alemã Tüv Süd, que prestou consultoria à Vale.
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Juiz nega a prisão de quatro funcionários da Tüv Süd acusados de negligência em BrumadinhoTroca de e-mails mostra que Vale pressionou Tüv Süd para atestar estabilidade da barragem'Tinham conhecimento da situação precária da barragem', diz juiz sobre funcionários da Vale presos Novas fotos aéreas mostram Brumadinho na 2ª semana após desastreAinda de acordo com o promotor, diversos crimes ambientais e a prática de crimes dolosos são apurados a partir de diversos documentos eletrônicos e físicos apreendidos nesta sexta. Além disso, são apurados delitos de falsidade ideológica por parte dos funcionários.
“O que nós percebemos, até agora, é que a primeira fase, com a realização de diversos mandados de busca e apreensão e prisão temporária, foram imprescindíveis para evolução das linhas de investigação”, explicou William Garcia Pinto Coelho. A primeira operação, ocorrida em 29 de janeiro, prendeu cinco pessoas: o executivo André Yum Yassuda e o engenheiro Makoto Namba, da Tüv Süd, além dos funcionários da Vale César Augusto Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes.
A partir dos documentos apreendidos na primeira força-tarefa, por meio de sete mandados de busca e apreensão, o promotor ressalta que é possível assegurar que a Vale e a Tüv Süd sabiam das situações precárias da barragem que se rompeu em Brumadinho.
William Coelho também destacou que o “emaranhado” de documentos e e-mails obtidos pelo MP são de difícil interpretação por parte do órgão fiscalizador. “Percebemos uma confusa difusão de responsabilidade que torna difícil a identificação de responsáveis e a tomada de decisão. Mas, cada vez mais, conseguimos esclarecer como essas informações de alta gravidade percorreram os caminhos das empresas”, disse.
Daqui pra frente, a prioridade do MP é ouvir testemunhas e os detidos para avançar nas investigações. Os oito presos passaram pelo Instituto Médico Legal (IML) para o exame de corpo de delito. Depois, as autoridades encaminharam os homens para a Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem, e as mulheres para o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no Bairro Horto, na Região Leste de BH.
O Ministério Público atua nas operações em conjunto com as polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF). O promotor responsável pelas investigações também ressaltou o papel da população de Brumadinho, que tem colaborado com o MP com o fornecimento de dados sobre o dia a dia da Mina do Córrego do Feijão antes da tragédia.
Outro lado
Em nota, a Vale informou que "está colaborando plenamente com as autoridades e permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas". A reportagem procurou a Tüv Süd por volta das 17h10, mas não obteve retorno. Essa matéria será atualizada caso a empresa alemã se manifeste.