MPMG e instituições parceiras realizam coletiva de imprensa para falar sobre operação que cumpriu mandados de busca%u2026 https://t.co/fStkAD2FyS
— MPMG (@MPMG_Oficial) 15 de fevereiro de 2019
A operação do Ministério Público desta sexta-feira, que resultou na prisão temporária de oito funcionários envolvidos na tragédia em Brumadinho, também cumpriu 14 mandados de busca e apreensão na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Desses, nove foram desempenhados na Grande BH, contra oito funcionários da Vale e outro da empresa alemã Tüv Süd, que prestou consultoria à Vale.
A força-tarefa desencadeou outro quatro mandados em São Paulo, todos em residências de funcionários da companhia europeia. O único cumprido no Rio de Janeiro se concentrou na sede da Vale na capital fluminense, mais precisamente no Conselho de Administração da empresa. Segundo o promotor de Justiça William Garcia Pinto Coelho, este mandado foi cumprido "com objetivo de arrecadar documentos e elementos de prova que possam contribuir para o estabelecimento de fluxo de informação dentro da empresa sobre as ocorrências, que estão sendo investigadas, em relação ao rompimento da barragem B1".
Ainda de acordo com o promotor, diversos crimes ambientais e a prática de crimes dolosos são apurados a partir de diversos documentos eletrônicos e físicos apreendidos nesta sexta. Além disso, são apurados delitos de falsidade ideológica por parte dos funcionários.
“O que nós percebemos, até agora, é que a primeira fase, com a realização de diversos mandados de busca e apreensão e prisão temporária, foram imprescindíveis para evolução das linhas de investigação”, explicou William Garcia Pinto Coelho. A primeira operação, ocorrida em 29 de janeiro, prendeu cinco pessoas: o executivo André Yum Yassuda e o engenheiro Makoto Namba, da Tüv Süd, além dos funcionários da Vale César Augusto Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes.
A partir dos documentos apreendidos na primeira força-tarefa, por meio de sete mandados de busca e apreensão, o promotor ressalta que é possível assegurar que a Vale e a Tüv Süd sabiam das situações precárias da barragem que se rompeu em Brumadinho.
William Coelho também destacou que o “emaranhado” de documentos e e-mails obtidos pelo MP são de difícil interpretação por parte do órgão fiscalizador. “Percebemos uma confusa difusão de responsabilidade que torna difícil a identificação de responsáveis e a tomada de decisão. Mas, cada vez mais, conseguimos esclarecer como essas informações de alta gravidade percorreram os caminhos das empresas”, disse.
Daqui pra frente, a prioridade do MP é ouvir testemunhas e os detidos para avançar nas investigações. Os oito presos passaram pelo Instituto Médico Legal (IML) para o exame de corpo de delito. Depois, as autoridades encaminharam os homens para a Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem, e as mulheres para o Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no Bairro Horto, na Região Leste de BH.
O Ministério Público atua nas operações em conjunto com as polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF). O promotor responsável pelas investigações também ressaltou o papel da população de Brumadinho, que tem colaborado com o MP com o fornecimento de dados sobre o dia a dia da Mina do Córrego do Feijão antes da tragédia.
Outro lado
Em nota, a Vale informou que "está colaborando plenamente com as autoridades e permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas". A reportagem procurou a Tüv Süd por volta das 17h10, mas não obteve retorno. Essa matéria será atualizada caso a empresa alemã se manifeste.