Um alerta na noite de ontem deixou em pânico moradores de condomínios em distrito de Nova Lima e reacendeu nas famílias que moram próximas a barragens de minério de ferro o medo de uma nova tragédia como a de Mariana, em 2015, e a de Brumadinho, há menos de um mês. Cerca de 200 pessoas de uma área próxima a uma barragem da Vale em São Sebastião das Águas Claras, conhecida como Macacos, foram obrigadas a deixar suas casas às pressas. Moradores e turistas relataram ao Estado de Minas momentos de desespero na tentativa de chegar aos pontos altos do distrito de Nova Lima. Nas estradas de acesso a Macacos, trânsito intenso de pessoas deixando a região de carro.
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Área perto de barragem da Vale é evacuada em Nova LimaMoradores e comerciantes relatam medo após alerta de barragem em Nova LimaSimulação de emergência com barragem em Macacos seria realizada em junho Centro de Macacos vira cenário de medo e desespero após sirene da ValeBH terá pancadas de chuva até terça-feira, prevê InmetO tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, informou que 49 casas que estavam no plano de emergência foram evacuadas. “Sirenes foram acionadas, conforme o plano de emergência.
O ponto de encontro dos moradores na noite de ontem foi o Centro Comunitário de Macacos, na Rua Dona Maria da Glória, que fica a 200 metros da Igreja do distrito. O local ficou lotado de pessoas da região e turistas, que tentavam encontrar uma rota segura para deixar Macacos. Sob forte chuva, que atingiu a cidade desde o início da tarde, muitos motoristas se arriscaram em algumas vias. Turistas que estavam no distrito para curtir o fim de semana relataram correria em pousadas no momento do alerta. A estudante Fernanda Gabriela Lima de Faria, de 22 anos, estava desde a sexta-feira em Macacos e teve de deixar às pressas o local após ser informada por funcionária de pousada. “Estava descansando no momento. Na hora, todos apavoraram e o trânsito agarrou.
Deixamos o carro e subimos para o ponto de apoio”, relatou ao EM. “Estou achando muito perigoso, meu coração está disparado. É uma coisa que a gente nunca imagina pela qual passaria”, desabafou.
A doméstica Sirlene Martins, de 37, disse que o alerta sonoro para deixar as casas informava que se tratava de um caso real de risco, reforçando a obrigatoriedade de deixar as casas. “Algumas pessoas estava desacreditadas e acabaram voltando para suas casas. Alguns turistas, desesperados, perguntavam como voltar para BH sem ter de passar pelo trecho bloqueado pela PM”, disse. Sirlene criticou a falta de informação, que deixou vários moradores de áreas mais pobres da região na chuva sem saber para onde ir. “Estamos aqui, ilhados, sem saber o que aconteceu e o que fazer”, afirmou.
O comerciante Paulo Gonçalves de Melo, dono de uma distribuidora de gás e morador há 40 anos de Macacos, disse que depois do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a população local começou a ser informada pela Vale sobre eventuais alterações em barragens. “Agora é que eles estão passando para a população uma coisa que estão escondendo há muitos anos: de que existe o perigo”. Ele foi transferido de táxi para um dos hotéis de BH reservados para os moradores. “Minha raiz está aqui, minha família e meus amigos estão aqui e ter de sair de uma hora para outra é triste”, desabafou.
Turistas que estavam no distrito para curtir o fim de semana relataram correria em pousadas no momento do alerta. A estudante Fernanda Gabriela Lima de Faria, de 22 anos, estava desde a sexta-feira em Macacos e teve de deixar às pressas o local após ser informada por funcionária de pousada. “Estava descansando no momento. Na hora, todos apavoraram e o trânsito agarrou. Tinha policiais militares tentando resolver e não conseguiam. Deixamos o carro e subimos para o ponto de apoio”, relatou ao EM. “Estou achando muito perigoso, meu coração está disparado.
Proibição da ANM
Agência Nacional de Mineração (ANM) vai propor uma resolução para acabar com todas as barragens a montante até 2021. Atualmente, há 84 barragens desse tipo em todo o país, das quais 43 são classificadas como de alto dano potencial – quando o rompimento ou mau funcionamento acarreta perda de vidas humanas e danos sociais, econômicos e ambientais. O modelo a montante era o mais comum nas décadas de 1970, 1980 e 1990, por ser um método mais barato, reconhece a ANM. A proposta de resolução divulgada pela ANM prevê que as mineradoras façam o descomissionamento ou descaracterização de suas barragens a montante até 15 de agosto de 2021. O texto foi divulgado na sexta-feira e deve ser publicado na edição de amanhã do Diário Oficial da União