Policiais federais cumprem, na manhã desta quarta-feira, mais de 100 mandados judiciais contra uma organização criminosa que extraía ilegalmente, há vários anos, pedras de quartzito do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. A ação ocorre simultaneamente em Alpinópolis, Passos, Itaú de Minas, Carmo do Rio Claro, São João Batista do Glória, Piumhi e Belo Horizonte e na cidade paulista de Batatais.
Ao todo, segundo a Polícia Federal (PF) são 160 mandados expedidos pela Justiça Federal de Passos, sendo 77 de busca e apreensão, 73 de prisão (20 preventivas e 53 temporárias, e 10 apreensões de caminhões. A Justiça também determinou a demolição de alojamentos clandestinos usados pelos extratores e a apreensão de todas as máquinas.
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Além da representação à Justiça Federal, foi apresentada uma perícia demonstrando que houve degradação ambiental pela extração ilegal. Como a atividade era clandestina, não havia plano de manejo. Assim, de acordo com a Polícia Federal, os rejeitos eram depositados em diversas áreas do parque, até mesmo em leitos de rios e nascentes que formam a bacia do Rio Grande. “Esses rejeitos, em época de chuvas, eram levados para o lago de Furnas, além de ficarem espalhados por diversas áreas do PARNA (Parque Nacional). Ao todo, foram identificados nove locais de extração, alguns com mais de dois quilômetros de extensão”, disse a polícia.
A retirada das pedras era feita com explosivos e ferramentas, sendo que 85% do material era de rejeitos. Envolvidos chegaram a colocar fogo no parque para facilitar a extração ilegal. Todos os presos serão encaminhados ao presídio de Passos. Eles serão indiciados por organização criminosa, extração ilegal de minerais e danos ambientais decorrentes.
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