A necessidade de evacuação de mais 125 pessoas em Nova Lima, na Grande BH, e em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, pelo risco associado a barragens da mineradora Vale levou o estado ao cenário de quase 1.200 pessoas retiradas de suas casas, seja pela destruição das moradias pela passagem de onda de lama, como ocorreu em Brumadinho, seja pelo risco de novo tsunami de rejeitos varrer zonas consideradas vulneráveis em outras localidades. Desde que a avalanche de sedimentos devastou uma área rural ao longo do Córrego do Feijão e alcançou o Rio Paraopeba, matando 171 pessoas e deixando outras 139 desaparecidas, a Vale chegou ontem ao número de sete barragens em que o fator de segurança aumentou de 1 para 2, exigindo a evacuação imediata de quem vive na chamada zona de autossalvamento – área em que as pessoas precisariam escapar por conta própria em caso de desastre, já que não há tempo para ação do poder público.
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DESENCONTRO E PROTESTOS Ontem, a Vale chegou a anunciar uma entrevista coletiva às 11h, para explicar as novas evacuações, que começaram a retirar mais 125 pessoas de suas casas. Momentos depois, adiou em uma hora o início do encontro com a imprensa, e depois o desmarcou, sob argumento de que um diretor da mineradora estava ocupado vistoriando as áreas de retirada de famílias.
Esse cenário de remoção de moradores de suas casas motivou protesto de cerca de 70 habitantes de Macacos, no início da manhã de ontem. Os manifestantes bloquearam a entrada da Mina Mar Azul e também impediram a saída de trabalhadores da Mina Capão Xavier, na rodovia AMG-160, às margens da BR-040, principal acesso para o distrito. Mães de alunos da Escola Municipal Rubem Costa disseram que não têm tranquilidade para deixar seus filhos estudarem na instituição de ensino, diante do temor de rompimento da Barragem B3/B4.
A arquiteta Vera Lúcia Rodrigues, de 32 anos, era uma dos que cobravam esclarecimentos. “Precisamos que a Vale converse com a comunidade e nos dê informações sobre o tamanho do risco. Não queremos nossos filhos em um lugar onde eles possam ser vítimas de uma tragédia”, diz ela. A secretária de Educação de Nova Lima, Viviane Matos, e o coordenador da Defesa Civil da cidade, Marcelo Santana, garantiram aos pais que não há risco na instituição, conforme laudos que indicam o tamanho da mancha de inundação da Barragem B3/B4 e também atestados de estabilidade de outras barragens.