Jornal Estado de Minas

Minas já contabiliza quatro sequestros de bancários em 2019

Os pais do gerente e a namorada dele e um amigo foram feitos reféns na noite de terça-feira, em BH e Betim. Reencontro foi emocionante - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press

A onda de sequestro de funcionários de bancos e familiares, o chamado “crime do sapatinho”, chegou a Belo Horizonte. O gerente do Banco do Brasil no Bairro Guarani, na Região Norte, e parentes dele foram as vítimas dos criminosos. O bancário teve um simulacro de bomba amarrado ao corpo e foi obrigado a seguir até a agência para sacar dinheiro. Enquanto isso, a família foi mantida sob o poder da quadrilha. O crime foi frustrado pela ação de equipes do Departamento de Operações Especiais (Deoesp), que conseguiram colocar fim ao sequestro. Um dos suspeitos foi preso. O crime do sapatinho se enquadra na modalidade de extorsão mediante sequestro, que cresceu quase 36,2% no estado na comparação entre 2017 e 2018.

Os números disponibilizados no site da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que, em 2017, foram 58 casos no estado, contra 79 de do ano passado. Somente em 2019, outros três casos foram registrados,  em Serro, e Itaobim, no Alto Jequitinhonha, e Igaratinga, na Região Centro-Oeste.

Com a onda de ataques, um dos líderes da maior quadrilha especializada nessa modalidade criminosa foi transferido para um presídio Federal. Wanderley Silva Andrade, conhecido como Chacal, segundo investigações, continuava a ordenar os sequestros no território mineiro mesmo de dentro da cadeia. A última vez que o crime chegou perto da capital mineira foi em Matozinhos, na Grande BH, em outubro.

Desta vez, o drama foi vivido por um funcionário do Banco do Brasil e familiares dele, que passaram por momentos de sufoco. O gerente da agência foi rendido na noite de anteontem, quando chegava em casa. De lá, foi levado à casa da namorada e dos pais, em Betim, que foram rendidos junto com um amigo da família que se encontrava na residência. Os cinco foram levados para um cativeiro em uma vila de Justinópolis, Ribeirão das Neves, na Grande BH, de onde o gerente foi retirado ontem pela manhã e levado à agência. Os suspeitos amarraram sobre o corpo do homem equipamentos que simulavam explosivos e obrigaram a vítima a entrar no banco e “retirar todo o dinheiro”.
Eles não contavam com a ação do serviço de segurança da agência, que desconfiou e acionou as forças policiais.



De acordo com o delegado da Delegacia Estadual de Operações Especiais (Deoesp), Ramon Sandoli, a polícia foi acionada por volta das 10h10 e passou a fazer diligências. O setor antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar foi acionado e constatou que não se tratavam de explosivos, o que deixou os policiais civis livres para abordar o gerente e tentar identificar o cativeiro. Por volta das 13h, o cativeiro foi localizado e as quatro vítimas, liberadas. Um homem armado de carabina calibre 22 foi preso enquanto tomava conta dos reféns. Trata-se de Rafael Silveira de Almeida, 38 anos, que havia saído da prisão, segundo o delegado, em 22 de dezembro, depois de cumprir pena por furto, roubo e lesões corporais. Nenhum refém ficou ferido e os assaltantes não levaram qualquer quantia em dinheiro.

ONDA NO INTERIOR
A ação de quadrilhas especializadas nesse tipo de crime em Minas Gerais vem amedrontando funcionários de agências bancárias. Em 21 de janeiro, a violência foi registrada em Serro, no Alto Jequitinhonha. Dois gerentes do Banco Sicoob foram sequestrados, assim como parentes deles.
Os criminosos foram a duas agências e conseguiram levar dinheiro. Um cerco foi feito na região e quatro homens foram presos, além de um adolescente detido. Três armas foram apreendidas e uma quantia em dinheiro foi recuperada.

Em 14 de janeiro, um grupo de ao menos quatro pessoas sequestrou a tesoureira do Banco Sicoob localizado em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha, e o marido dela. A bancária retirou uma quantia em dinheiro da agência e entregou aos criminosos. O marido dela acabou liberado, depois de ficar aproximadamente 17 horas sob o poder do bando. Ele e a mulher não sofrerem ferimentos.

Seis dias antes, o crime já tinha acontecido em Igaratinga, na Região Centro-Oeste. Criminosos sequestraram a família de um segurança de uma agência da instituição financeira Sicoob Ascicred. O funcionário fez um saque na agência e entregou a quadrilha, que conseguiu fugir. Parentes do homem foram soltos depois de aproximadamente 15 horas sob o poder dos bandidos. Dois suspeitos foram presos no mesmo dia em Betim, na Grande BH.
Com eles foram apreendidos R$ 20 mil em dinheiro, um revólver calibre 38 e munição do mesmo calibre..